Cabo Verde

Problema ambiental obriga à suspensão de pesca na ilha cabo-verdiana de Santo Antão

O aparecimento de grande quantidades de melvas, um tunídio conhecido localmente por "catchorinha", mortas nas praias da ilha cabo-verdiana de Santo Antão levou o Instituto Nacional do Desenvolvimento das Pescas (INDP) a suspender a atividade piscatória na região por um período inicial de 10 dias.

Em declarações à Rádio de Cabo Verde (RCV), o delegado marítimo em Santo Antão, António Santos, explicou que este problema ambiental advém do facto de os barcos de pesca estarem a deitar ao mar o excesso deste tipo de tunídeo, que está a ser capturado em grande quantidade na imediações daquela ilha.

Segundo ele, a abundância de malva, que é principal matéria-prima da fábrica de conserva e transformação de pescado Frescomar, situada na ilha de São Vicente, ultrapassou a atual capacidade de laboração dessa unidade fabril que, por isso, deixou de receber este tipo de peixe capturado pelos barcos de pesca.

Os pescadores, sem meios para conservar o pescado até a fábrica estar em condições de passar a receber novamente o produto, optam por deitar ao mar o peixe capturado, atitude que, segundo a autoridade marítima local, configura a prática de um crime ambiental e um atentado à saúde pública.

Esta situação já levou à interdição das praias onde os peixes mortos estão a dar à costa, uma medida que, segundo o delegado marítimo, se justifica para salvaguardar a saúde dos banhistas.

No ano passado, a pesca do tunídeo melva registou os maiores números de sempre, com cerca de duas mil e 500 toneladas de janeiro a julho.

Fonte da unidade fabril que processa este tipo de pesca indicou na altura que, só no período entre 26 junho a 08 de agosto, a Frecomar comprou mil e 500 toneladas deste peixe (1.057 só em julho), altura em que pagou 64 milhões de escudos (cerca de 582 mil euros) aos armadores e pescadores locais que forneceram o pescado.

Tudo leva a crer que na presente campanha esses números serão largamente ultrapassados, tendo em conta que, para além da maior abundância de matéria-prima, a Frescomar procedeu, em 2014, a investimentos que rondam quatro milhões de euros, que lhe permitiu também contratar mais pessoal para a linha de produção e receção de pescado.

Panapress, 28.07.2015
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