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Dívida da CPLP atinge 81% do PIB até Dezembro

ANGOLA e Moçambique são os países lusófonos mais preocupados com os níveis de dívida pública, mas é o Brasil o único que pode ter um sério impacto económico mundial em caso de incumprimento financeiro.

A dívida pública dos países lusófonos deverá chegar ao final do ano a valer, em média, mais de 81% do total da riqueza produzida em cada país, numa lista liderada por Portugal e Cabo Verde.

De acordo com os dados recolhidos pela LUSA nas estatísticas do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco de Portugal e Banco do Brasil, a lista dos países mais endividados em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) é liderada por Portugal, que deverá terminar este ano com uma dívida a valer praticamente 130% do PIB, seguido de Cabo Verde, nos 121,7%.

Apesar de estes dois países serem os que têm mais dívida pública, o problema do excesso de endividamento é problemático em Angola e em Moçambique, principalmente por causa da desvalorização da moeda, apesar de a dívida representar uma percentagem mais baixa face ao PIB.

“Portugal tem a maior parte da sua dívida pública em euros, portanto não existe um risco de desvalorização cambial, ao contrário do que acontece nalguns países africanos, nomeadamente em Angola e em Moçambique”, explicou à LUSA o economista-chefe da consultora Eaglestone, Tiago Dionísio.

A dívida pública dos países africanos está maioritariamente emitida em dólares, e por isso “vai ser mais problemático para os países pagarem por causa das fortes desvalorizações” em países como Angola, onde o kwanza caiu 35% no ano passado, e em Moçambique, onde o metical vale menos de metade face ao dólar do que valia há um ano.

“A dívida de Moçambique tem um perfil mais curto, e portanto pode ir aos mercados e tentar refinanciar a dívida, mas com a situação actual e a conjuntura global os mercados podem fechar-se muito rapidamente para os países emergentes”, acrescenta Dionísio, salientando que o país é olhado com desconfiança pelos mercados.

Para além de Angola, que começa em Junho a negociar um pacote de ajuda técnica e financeira com o Fundo Monetário Internacional, que o semanário económico angolano “Expansão” estima poder chegar aos 5 mil milhões de dólares, também no Brasil a dívida pública é um problema, mas a importância é suplantada pela crise política, que levou à destituição da Presidente Dilma Rousseff e que afundou a economia numa recessão que dura há dois anos.

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