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Oportunidades vindas do Brexit
A decisão do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales) de romper o acordo com a União Europeia (UE) depois de 44 anos pegou o mundo de surpresa. Com isso, abriu-se a possibilidade de uma nova rodada de negociações entre os envolvidos e possibilidades de acordos bilaterais com países com fora do eixo europeu.
O Brasil pode se beneficiar disso, e o governo brasileiro já iniciou conversas com os britânicos para firmar possíveis alianças comerciais. O assunto foi discutido durante o seminário “Brexit: Oportunidades para o Brasil”, realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), por meio de seu Conselho do Comércio Externo e da Fecomercio Internacional, no início de setembro.
Segundo a sócia do escritório Noronha Advogados de Londres, Vera Innes, que mora no Reino Unido desde 1990, com o rompimento, os britânicos estão buscando independência em decisões sobre acordos comerciais. “O povo britânico escolheu motivado por um sentimento de restabelecimento da soberania pela retomada do controle das fronteiras, do Parlamento e das leis que eram definidas pelo bloco”, apontou.
O momento atual, conforme explicou, é de incerteza, já que as rodadas de negociações pouco avançaram, e a UE segue irredutível em relação à obrigatoriedade do pagamento de uma indenização para que a saída seja confirmada, além da indefinição sobre os direitos dos cidadãos europeus que residem no Reino Unido e dos britânicos que moram em outros países europeus.
Segundo o CEO da True Bridge Consultancy, Bernardo Ivo Cruz, existem oportunidades de negócios para os países de fora do bloco da União Europeia. “Desde o início do anúncio do Brexit, os britânicos indicaram que o Brasil é um possível parceiro para acordos bilaterais de livre-comércio, enviando representantes para analisar as oportunidades brasileiras. Contudo, até a conclusão do processo de saída do Reino Unido, tais acordos estão proibidos, segundo as regras de restrições da União Europeia”, apontou. Mesmo assim, Cruz sugere que as empresas brasileiras já devem se preparar para possíveis futuras alianças.
Um dos obstáculos a serem enfrentados para que esses acordos se tornem realidade é a onda de protecionismo que surgiu no Reino Unido, além de políticas de restrição aos investimentos estrangeiros que também estão em discussão. “Em contrapartida, a União Europeia negocia um acordo com o Mercosul, previsto para o fim deste ano. No entanto, com as eleições alemãs, que acontecem neste segundo semestre, o acordo não deve sair no prazo planejado. Dado que em 2018 será a vez do Brasil eleger um novo governo, então um possível acordo deve acontecer apenas em 2019”, ponderou o ex-embaixador do Brasil em Londres, Rubens Barbosa.
O Brexit ainda divide os países envolvidos e muitos apontam, inclusive, para um rompimento com o próprio Reino Unido, como é o caso da Escócia, que busca independência e manutenção dos acordos estabelecidos pela União Europeia. Até que esse complexo impasse chegue ao fim, novos acordos oficiais estão paralisados. Já o Brasil deve definir, primeiro, seus rumos políticos em 2018 para depois redesenhar suas costuras comerciais.
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