História
VIAJANDO PELA HISTÓRIA DOS DESCOBRIMENTOS
Unidos pelo tráfico
Entre os anos 1600 e 1800, mais de 3,1 milhões de pessoas, só da região Centro-Ocidental de África, embarcaram rumo à escravidão nas Américas e em ilhas africanas como São Tomé. No entanto, a escravidão em África é bem anterior à presença dos europeus no continente. O reino do Congo, por exemplo, já usava mão de obra escrava para o serviço militar, administrativo e na agricultura antes da chegada dos portugueses, no início do século XVI.
A chegada dos lusitanos modificou e intensificou a prática, uma vez que Congo e Angola eram pontos estratégicos na transferência de escravos do interior para a costa. A aliança entre a nobreza congolesa e os portugueses rendeu bons frutos: ambos aumentaram seus lucros com o tráfico e conseguiram expulsar os “terríveis” Jagas,que ocuparam a capital entre 1568 e 1572. Além disso, a elite do Congo podia investir em lavouras em São Tomé, administrada pelos portugueses. Lá, os ricos congoleses casavam suas filhas com os portugueses residentes, fortalecendo ainda mais a aliança.
Os acordos com os europeus eram importantes para os africanos num cenário em que estes soberanos tinham dificuldade em consolidar seus domínios e manter centralizado seu território. Os lusitanos não eram os únicos com interesses na região, muito menos os únicos a fazer acordos. Os ingleses e holandeses também estavam por lá, e em 1640, com a ajuda da rainha Nzinga, expulsaram os portugueses de Luanda. Só que por pouco tempo.
Cristiane Nascimento
ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NA REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL (BRASIL)
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