História
JAMAICA
Port Royal, a cidade perdida dos piratas
Era o ano de 1692. Port Royal, a capital da Jamaica, era uma cidade rica, mas sua população não era exatamente nobre. Seus habitantes eram, em sua maioria, piratas, promotores de jogos de azar e prostitutas. Com um público desses, não é de se admirar que a cidade tenha tido um bar para cada 10 habitantes!
A cidade era muito importante para os ingleses, pois ficava numa rota de navegação entre a Espanha e o Panamá. Porém, esses mesmos ingleses não enviavam guardas, para fazer a segurança, nem dinheiro. O governador geral resolveu, então, contratar piratas para proteger a cidade dos ataques espanhóis e franceses.
Com grande profundidade e muito espaço para ancorar, Port Royal tornou-se o paraíso dos piratas. Eles saqueavam os navios e vendiam as cargas a mercadores que lá foram se estabelecer. A cidade tornou-se a mais importante ocupação inglesa nas Américas, ao lado de Boston, nos Estados Unidos.
De repente, no dia 7 de junho, perto do meio dia, um grande terremoto abalou a cidade. De seus 10 mil habitantes, 2 mil morreram imediatamente e outros tantos nos dias seguintes, em virtude de graves lesões ou doenças. O solo sofreu liquefação, engolindo as construções por inteiro. Cerca de 2/3 da cidade afundou no mar.
Aos poucos, a cidade foi parcialmente reconstruída, mas enfrentou novos desastres: um grande incêndio, em 1704, alguns furacões e outro forte terremoto, já no início do século XX.
Não se trata de ficção, nem roteiro de cinema – muito embora tenha sido cenário dos filmes “Piratas do Caribe 2 e 3”. Port Royal existe, há muito deixou de ser a capital do país, mas ganhou fama por ser um sítio arqueológico subaquático.
Port Royal é, hoje, uma pequena vila de pescadores, administrada pela capital do país, Kingston. Fort Charles é o único remanescente dos seis fortes que havia na cidade. Lá, há um pequeno museu, que conta a história da antiga Port Royal.
Sem dúvida, a maior atração da cidade está sob as águas. Desde 1950, mergulhadores têm explorado e catalogado a cidade submersa. Em 1969, Edwin Link encontrou um inusitado objeto: um relógio de pulso de 1686, parado na hora exata do terremoto, às 11h43.
Em função da natureza do fenômeno, que deixou muitas das construções intactas, Port Royal já foi comparada à Pompeia, por suas maravilhas arqueológicas e, em 1999, foi declarada Patrimônio Natural da Humanidade, pela UNESCO.
É preciso preservar o valor histórico das ruínas submersas. Assim, os mergulhos turísticos são permitidos, mediante uma autorização do governo. Contudo, muitos dos itens recuperados ao longo dos anos podem ser vistos no Museu de História e Etnografia, que fica no Institute of Jamaica, em Kingston.
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