Ambiente
Petrolíferas africanas querem boicotar quem desinvestir na indústria energética local
A Câmara Africana de Energia (CAE) anunciou que está a recomendar aos parceiros africanos que boicotem as empresas e instituições que querem desinvestir na indústria do petróleo e gás no continente devido a preocupações ambientais.
“Em resposta ao declínio do interesse nos projectos africanos de petróleo e gás, particularmente quando as nações ocidentais continuam a impedir os investimentos nos combustíveis fósseis africanos, a CAE declara que vai incentivar os países africanos a boicotarem ou refrearem os acordos com as companhias internacionais que descontinuem investimentos e rejeitem a indústria petrolífera africana”, lê-se numa nota enviada à Lusa.
No texto, a CEA, que representa os interesses petrolíferos no continente, argumenta que “não há razão para investir os fundos de pensões africanos ou fazer negócios com instituições financeiras que se recusam a investir nas empresas energéticas africanas por causa da mudança climática”, e salienta que “as instituições financeiras que discriminam a indústria do petróleo e gás africana em nome da mudança climática estão erradas e precisam desesperadamente de mudar o enquadramento mental e as suas ações”.
A nota da CEA surge no seguimento de várias comunicações por parte de entidades como o Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento, Royal Bank da Escócia e Agência Internacional da Energia, entre outras, que afirmaram que deixarão de financiar projetos que não são considerados ‘amigos do ambiente’, o que tem um impacto particularmente significativo em África, o continente que menos contribui para a emissão de gases com efeito de estufa.
“Como é possível que, no seguimento do estabelecimento de novos enquadramentos legais em países como Nigéria, Angola ou Senegal, que a comunidade internacional exigiu, as mesmas organizações decidam agora acabar com os investimentos” nesta área, questionam os representantes dos produtores energéticos africanos.
Os países africanos “não vão encostar-se e deixar que as elites africanas e as instituições financeiras destruam a nossa indústria energética e as oportunidades para a criação de empregos, que permitem combater a pobreza energética”.
Na nota, a CAE reconhece a importância de fazer a transição para uma produção energética mais sustentável e menos baseada nos combustíveis fósseis, mas argumenta que a transição é um processo e lembra que África produz sete vezes menos poluentes que a China e menos quatro vezes que os Estados Unidos da América.
“A transição energética em África é apenas isso, uma transição, ou seja, um processo ou período de mudança de um estado para outro, acabar de forma abrupta com todo o investimento na indústria energética africana não vai permitir aos países africanos gerarem os fundos necessários para mudarem para soluções de energia renováveis no futuro”, argumentam.
E concluem que “ao boicotar os combustíveis fósseis, a comunidade internacional está essencialmente a boicotar o desenvolvimento em África, eliminando a oportunidade para uma transição e deixando milhões de africanos em pobreza energética”.
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