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EURAFRICAN FORUM 2021

Portugal e Angola - uma verdadeira parceria entre irmãos

“Condenados a viver eternamente abraçados”, foi assim que João Lourenço, Presidente de Angola descreveu a relação com Portugal que garante nunca poder ser abalada. Já Marcelo Rebelo de Sousa reforça as “excelentes relações entre os estados”, reflexo de uma excelente relação entre os povos que tem vindo a melhorar ao longo dos tempos.

“Uma conversa entre Presidentes” foi o encontro virtual entre os dois chefes de Estado, moderado pela jornalista da RTP Cristina Esteves, no encerramento da 4ªedição do EurAfrican Forum 2021 “Getting Along – New Paths for Cooperation between the Twin Continents”, uma iniciativa do Conselho da Diáspora Portuguesa. Ao longo de três dias foi debatida a cooperação entre a Europa e África, os continentes gémeos, focando as relações comerciais como tópico central.

A empatia entre Portugal e Angola é notória e um facto que tem impulsionado as relações, classificadas como “excelentes” durante a última Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, reunião essa que segundo o Presidente da República português mostrou o “bom momento em que nos encontramos”, dirigindo-se a João Lourenço, Presidente da CPLP, como “o nosso Presidente”.

Quanto ao momento atual em que o mundo se encontra, e em particular dada a evolução da crise pandémica, a COVID-19 foi um dos temas discutidos, com Angola a reportar apenas 5% da população com a vacinação completa. O acesso às vacinas é hoje uma questão fulcral para Angola em que a solidariedade europeia é necessária, sendo este, aliás, um dos exemplos em que o “multilateralismo é fundamental”, reforça Marcelo Rebelo de Sousa.

No caso de Portugal há a intenção da compra e partilha de cerca de 3 milhões de doses, em que se irão “privilegiar naturalmente os estados irmãos da CPLP”. Contudo, o esforço internacional “ainda é insuficiente”, reforça o Presidente português, lançando um apelo a uma “maior solidariedade, rapidez e eficácia, pois todos dependemos de todos”.

Em setembro chegaram a África 23 milhões de doses, número que não se mostrou suficiente para enfrentar os desafios e dificuldades do processo de vacinação. Mas mesmo assim, João Lourenço aponta para a meta de 60% da população elegível vacinada, com uma primeira dose, até final do ano.

O Presidente angolano afirmou a solidariedade que o país tem recebido com a doação de vacinas, reconhecendo publicamente esse gesto da ajuda internacional. No entanto, a doação de vacinas é “insuficiente”, corroborando que “outra forma de manifestação de solidariedade será abrir aos nossos países a possibilidade de com os nossos recursos adquirir as vacinas que necessitamos”. E é essa parte que, na sua opinião, está a “falhar”. Reforça ainda “as imensas dificuldades em ter acesso ao mercado das vacinas”, não se referindo a uma capacidade de produção própria, mas ter a possibilidade de, paralelamente ao que têm recebido gratuitamente, poder adquirir com recursos próprios as vacinas que estão no mercado.

Sabendo que os custos da Pandemia irão durar e trazem ainda dificuldades, o acordo entre os países na forma de cooperação é fundamental no caminho da recuperação. Marcelo Rebelo de Sousa afirma que Portugal tem batalhado na Europa pela parceria com África, em que “Angola é uma potência privilegiada dentro dessa parceria”.

Apesar da falta de sensibilidade pela parte de alguns países, a Europa está hoje “claramente mais virada para compreender que há uma afinidade socio-económica com África superior à que existe com outros continentes”, e esta é apontada por Marcelo Rebelo de Sousa como uma das lições da Pandemia.

A urgência de ultrapassar e recuperar rapidamente é partilhada entre os países que procuram virar a página, apontando para um salto qualitativo que podendo ser feito em conjunto seria, conforme as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, “formidável”.

Acrescentando ainda que “Portugal e Angola formam um eixo muito forte dentro e fora da CPLP”, reforçado por um elevado entendimento pessoal entre os dois líderes e entre os povos, portugueses e angolanos.

Nas notas finais, João Lourenço reforça que “Portugal pode contar com Angola em todos os momentos e situações da mesma forma que Angola conta com Portugal”.

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