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O Principado de Sealand é o país mais pequeno do mundo. A sua história é, no mínimo, estranha

Constituição do país levou as autoridades britânicas a enviar helicópteros para destruir os restantes fortes avançados.

Pode ser que nunca tenha ouvido falar dele, mas o Principado de Sealand tem uma particularidade que o torna especialmente interessante: é o mais pequeno do mundo.

Localizado a 19,3 quilómetros da costa de Inglaterra, a nação contou outrora com uma população de 50 pessoas, tendo sido criado em 1967 por Paddy Roy Bates, um antigo radialista e major. No entanto, desengane-se que a ideia de criar um novo país está envolta num enorme contexto histórico.

Na verdade, tudo aconteceu quando Bates e a sua família ocuparam um antigo forte militar, com o antigo major da marinha britânica a autoproclamar-se chefe do país, algo que tem passado de geração em geração. Como não poderia deixar de ser, o país e a sua consagração estão envoltos em polémica.

Segundo os livros, tudo terá começado com uma ideia de presente para a sua esposa, Joan, no seu aniversário. Bates terá entrado numa embarcação e navegado até à plataforma. Depois, recorrendo apenas a um gancho e a corda. Após subir à plataforma, terá reclamado a sua posse e concedendo-as à esposa como presente.

Outrora, a estrutura teve um propósito muito mais digno. Por exemplo, durante a Segunda Guerra Mundial, o posto era uma ferramenta avançada e um dos cinco do seu género usados para defender o Tamisa.

Tem aproximadamente o tamanho de dois campos de ténis situados no topo de duas torres de betão, a aproximadamente 20 metros de altura. Nos seus tempos áureos, a estrutura era vigiada por mais de cem militares britânicos, nomeadamente com armas anti-aéreas.

O seu declínio iniciou-se nos finais dos anos 50, depois da vitória dos aliados sobre os os alemães. De facto, quando Bates se lembrou de o reclamar o Reino Unido já o tinha abandonado.

O que não é o mesmo dizer que as autoridades do país ficaram indiferentes à aparentemente invasão.

No início, foi ordenado o abandono do forte, avisos que Bates ignorou sempre, dando mostras da sua personalidade forte e resistente que durante anos esteve ao serviço da marinha. Ao mesmo tempo, e enquanto a disputa continuava, a reputação de Sealand crescia.

Um passo determinante para a conquista da soberania do país é a instalação de uma estação de rádio pirata na plataforma em 1965. Na altura, este procedimento era ilegal, mas Bates viu nele uma oportunidade.

Inicialmente, a primeira estação de rádio foi instalada num outro forte, também usado durante a Segunda Guerra Mundial. Mas este passo não teve nada que ver com conquistas territoriais, mas sim com o pouco gosto que tinha pela cobertura da BBC.

Desta forma, Bates, e outros, poderiam dar uma alternativa, sobretudo musical, aos ouvintes do Reino Unido. No entanto, esta opção não era viável, já que s autoridades britânicas bloqueavam todas as rádios piratas. Bates acabou por desistir, ainda que contra a vontade de alguns amigos que o incentivaram a continuar.

Foi assim que se lembrou se renomear o forte onde estava instalada a estação de rádio “Principado de Sealand”. Estávamos a 2 de setembro de 1967, o aniversário da sua esposa, tendo a família transferido a sua habitação para a infraestrutura.

O estabelecimento deste território soberano não reconhecido em águas britânicas rapidamente atraiu a atenção do governo britânico.

As autoridades do país mostraram o seu descontentamento com esta alteração, descrevendo Sealand como “uma ocupação ilegal de uma estrutura não reconhecida como uma ilha ao abrigo do direito internacional”.

Bates, por seu lado, foi inflexível ao afirmar que Sealand era o seu próprio país e que era o seu legítimo líder. As autoridades viram isto como uma versão de Cuba e estavam determinadas a impedi-la.

Assim, em 1968, os militares enviaram helicópteros para destruir os restantes postos avançados, a fim de impedir o aparecimento de mais principados. Mais uma vez, Roy e a sua família encararam a abordagem como uma potencial ameaça à sua subsistência.

Num episódio que acabaria por mudar para sempre a história do principado, dois funcionários britânicos faziam manutenção numa bóia perto do principado quando, Michael, filho de Roy, os atingiu com tiros de pistola.

Em resposta, o governo britânico apresentou queixa contra Michael, mas o tribunal não decidiu como as autoridades antecipavam. Uma vez que as ações ocorreram fora da jurisdição britânica, estas eram inimputáveis por lei.

Este era o estímulo que faltava para que os seus proprietários declarassem independência.

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