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EGIPTO-PRAIA, ANGOLA

Palmares deslizando até ao mar

Na costa litoral de Benguela, sensivelmente a 65 quilómetros a Norte do Lobito, existe uma localidade chamada Egipto-Praia.

No início da colonização portuguesa, há mais de cinco séculos atrás, embarcações lusas ancoraram em vários pontos da costa do território que constitui hoje Angola. A um desses locais, a sul do rio Cuvo, deram o nome de praia do Egipto, devido aos seus palmares “deslizando até ao mar”, numa extraordinária semelhança com o que tinham visto na costa do nordeste africano, concretamente nas costas egípcias, durante as suas andanças pelo mar Mediterrâneo.

Ali montaram arraiais e construíram um forte destinado à sua defesa das investidas de forças holandesas, cujos barcos sulcavam periodicamente a costa angolana. A história regista que uma esquadra holandesa atacou com disparos de canhão a cidade de Benguela durante vários dias.

O Egipto-Praia tem igualmente o seu nome ligado ao tráfico de escravos, que eram embarcados para a América mesmo depois das leis abolicionistas. Corsários e navios negreiros fugiam da fiscalização da marinha real inglesa, aproveitando a configuração da costa, com várias saliências e reentrâncias, e continuavam a traficar as chamadas “cargas humanas”, negócio clandestino que foi praticado até às portas do século XX.

O Forte de S. Sebastião existe até aos dias de hoje na localidade como testemunho dessas práticas e as autoridades angolanas solicitaram o seu reconhecimento pela Unesco como património mundial, devido à sua ligação com a história do tráfico negreiro, que tornou despovoadas extensas áreas do continente africano.

A localidade de Egipto-Praia pertence à circunscrição do município do Lobito e tem uma população de cerca de cinco mil e quinhentas pessoas que se dedicam a actividades agrícolas e também à pesca, em moldes artesanais. A lagosta verde, um dos mais apreciados crustáceos na culinária internacional, abunda na zona marítima em causa.

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