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Bagageiros no Cais do Porto Novo: «Não há crise na nossa profissão»

Os bagageiros que labutam no cais da cidade de Porto Novo afirmam que os efeitos da crise ainda não atingiram o seu negócio. Porque o movimento diário de passageiros e mercadorias permite-lhes amealhar dinheiro para o sustento das famílias. Passam o dia debaixo do sol no cais, mas mercadorias não faltam para encherem o seu carrinho de mão.

Para estes chefes de famílias a sua profissão permite-lhes amealhar dinheiro para levar para casa e sustentar a família. A classe dos bagageiros do Porto Novo tem idade compreendida entre 18 e 40 anos, e quase todos tem filhos para sustentar. Eles saem de casa de manhãzinha e só regressam a noite quando os navios partem para a ilha de São Vicente. Os bagageiros frisam que costumam levar para casa 2000, 5000 ou… 7000 escudos fruto de um dia de trabalho.

Sustento

Os bagageiros da cidade do Porto Novo consideram haver uma concorrência leal entre a classe. Porque a rentabilidade do negócio depende do expediente de cada indivíduo. Todos cobram uma taxa de 200 escudos por cada carga. Bem como cada um tem o seu veículo para transportar qualquer mercadoria.

João Santos tem 37 anos é pai de quatro filhos e trabalha há vinte anos como bagageiro no cais do Porto Novo. João afirma que “ o sustento da minha família provém do dinheiro que ganho no transporte de bagagens no cais. Porque todos os dias temos pessoas e cargas que transitam entre as ilhas de Santo Antão e São Vicente. E de acordo com o número de clientes o negócio rende no mínimo 2000 escudos/ dia . E por vezes nos tempos de maior tráfego de passageiros consigo amealhar sete mil escudos”.

Já Jandir Barros, 22 anos trabalha há cinco anos como transportador no cais do Porto Novo e frisa que encontrou nessa profissão uma forma de sobreviver. Jandir diz que em 2006 abandonou os estudos e foi trabalhar no cais como ajudante de condutor.

Jandir acrescenta que “Carregava bagagens e cargas para um Hiace em troca de 500 escudos. Porém devido a dificuldades económicas tive que aventurar-me como bagageiro. O que ganho nesta profissão dá para satisfazer as minhas necessidades. Hoje a vida corre-me bem porque ganho por vezes 2000, 3500 ou 5000 escudos num dia de trabalho. Porque há pessoas que gostam do meu serviço e duplicam o preço do transporte”.

Por outro lado os bagageiros afirmam que as obras no cais do Porto Novo beneficiou o seu serviço. Pois os condutores já não têm acesso ao interior do porto com as suas viaturas. António Gomes defende que “antes das obras no cais havia uma luta renhida entre os condutores e os bagageiros. Porque eles iam buscar os passageiros e as suas mercadorias nos navios. Hoje com as obras no porto eles esperam pelos passageiros no exterior do cais. Enquanto nós somos os responsáveis pelo transporte das bagagens e mercadorias pertencentes aos passageiros”.

Segundo os bagageiros do Porto Novo “não sentimos na pele o sabor da crise. Porque a nossa profissão não permite-nos estar com as mãos vazias. Já que há sempre mercadorias para meter ou retirar dos navios. E a sempre há pessoas que dão valor ao nosso trabalho e pagam valores superiores a taxa de 200 escudos que cobramos por cada carga”.

O rosto destes homens demonstra que vale a pena passar horas debaixo do sol no porto da cidade do Porto Novo. Porque há sempre mercadorias para encher o carrinho e a noite quando o último navio abandona o cais, eles fazem as contas aos bolsos e recolhem para as suas casas com dinheiro nos bolsos que dá para sustentar as famílias.

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