Ambiente

Nova Zelāndia salva 33 baleias que estiveram 48 horas em terra

Passaram mais de 48 horas em terra mas no dia 25 as últimas 33 baleias-piloto que estavam presas numa baía da Nova Zelândia partiram para águas mais profundas. Os 200 voluntários que responderam ao arrojamento colectivo de 99 animais conseguiram salvar um total de 60 baleias.

Do grupo inicial de 99 baleias-piloto que deram à costa na segunda-feira, 40 acabaram por morrer, 26 foram salvas no dia 23 e 33 puseram-se a caminho do mar alto, saindo de Golden Bay, dia 24.

Tudo começou segunda-feira de manhã, quando foram avistadas 99 baleias que se desorientaram e ficaram presas nas águas de pouca profundidade da baía, perto de Farewell Spit, o maior cordão de areia da Nova Zelândia, na ilha Sul, com 25 quilómetros de extensão.

As 33 baleias-piloto que ainda permaneciam no areal – incluindo machos, fêmeas e crias – conseguiram libertar-se. “Tendo em conta o longo período em que estiveram na costa este foi um resultado melhor do que esperávamos”, disse Kimberly Muncaster, responsável pelo Project Jonah, que desde 1974 treina voluntários para salvar baleias, ao jornal online Stuff.co.nz. “As baleias estavam exaustas e desorientadas e, depois de tanto tempo em terra, o seu organismo sofreu alguns danos”, acrescentou.

As operações de resgate de baleias são uma luta contra o tempo, como explicou ao PÚBLICO Marina Sequeira, bióloga do Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) e especialista em cetáceos. Um dos problemas é que os animais que dão à costa “ficam com todo o peso do seu corpo assente sobre a caixa torácica durante várias horas”. Além disso, “como não têm pêlo e têm uma camada de gordura significativa, sofrem bastante com a exposição ao Sol, correndo o risco de uma subida perigosa da temperatura corporal que pode levar à morte”. Por isso, nos últimos dois dias, cerca de 200 voluntários tentaram manter os animais molhados.

No caminho certo

Dada a fragilidade destas baleias, que passaram dois dias a debater-se para sair da baía, Kimberly Muncaster disse que todos estarão em alerta nos próximos dias, nomeadamente acompanhando as baleias a bordo de várias embarcações. “Existe ainda algum risco de estas 33 baleias voltarem para a costa”. Naquela zona, as marés mudam rapidamente, obrigando os animais a moverem-se depressa para conseguir chegar ao mar alto. O responsável do Departamento de Conservação da Nova Zelândia (DOC), John Mason, disse ao New Zealand Herald que “as baleias não estão a avançar depressa mas parece que estão a manter um ritmo consistente na direcção certa. Teremos um barco a segui-las até onde for possível”.

Segundo Marina Sequeira, estas baleias, da família dos golfinhos, “localizam-se normalmente em zonas de profundidades maiores. Próximo da costa podem desorientar-se”. E este arrojamento colectivo pode explicar-se com o facto de estas baleias-piloto terem ligações sociais muito fortes. “Se há um animal doente, todo o grupo mantém-se unido”.

Em Portugal, não há registo de arrojamentos colectivos, ainda que ocorram com alguma frequência nas nossas costas seis espécies de baleias, como a baleia-azul (Balaenoptera musculus), a baleia-anã (Balaenoptera acutorostrata) ou a baleia-sardinheira (Balaenoptera borealis). “O que acontece é um termos, no máximo, dois animais, normalmente uma mãe e a cria, que entram em zonas de baixa profundidade, especialmente quando um dos animais está doente ou em dificuldades”, acrescentou a bióloga. Mais frequentes são os arrojamentos de golfinhos, quando “estão doentes ou são capturados por artes de pesca”.

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