Ambiente
AQUACULTURA
Cabo Verde tem condições excepcionais para o cultivo de microalgas
Cabo Verde tem condições excepcionais, "até melhor do que Portugal", para o cultivo de microalgas, já que tem em abundância e qualidade muito sol e muita água do mar, garantiu, na Praia, o biólogo português João Navalho.
João Navalho falava aos jornalistas à margem da apresentação do projecto de cultivo de microalgas em Cabo Verde, visando, por exemplo, a extracção de pigmentos, como o betacaroteno, utilizado na indústria alimentar e cosmética.
Trata-se de um projecto que o arquipélago quer implementar e que, segundo o secretário de Estado dos Recursos Marinhos, Adalberto Vieira, tem um custo inferior a 20 mil contos e conta com a parceira da Universidade de Algarve, através da empresa Necton, especializada em aquacultura de microalgas e que está a ser representada por João Navalho.
"A ideia é tentar ver aqui quais são as localizações para a instalação de um projecto-piloto que possa, de algum modo, trazer para o arquipélago este tipo de tecnologias. Não é uma aquacultura convencional, é já uma aquacultura que está um pouco perto da biotecnologia", explicou o biólogo marinho.
O projecto, acrescentou, visa a produção de um corante natural, uma provitamina chamada betacaroteno usada na indústria alimentar como corante e que tem um mercado mundial e directamente para a indústria, pelo menos numa perspectiva de venda a grosso.
Para a sua produção, necessita-se de uma fonte de dióxido carbono (CO2), "que é o que as algas utilizam para fotossintesar", que poderá ser encontrado no gás de escape, por exemplo de queimadoras, sendo as dessalinizadoras o sitio ideal, já que também precisa-se de água muito salgada.
"Esta microalga especifica que estamos a pensar cresce em ambientes muito salgados, então com a água deitada fora pelas dessalinizadoras podemos fazer a cultura e com o gás da chaminé podemos alimentar a cultura com dióxido carbono e assim reduzir os custos de produção e tornar o produto altamente competitivo no mercado", assegurou João Navalho.
Acredita este responsável que o investimento não será caro, precisando-se, a seu ver, de gente empenhada e interessada para trabalhar neste projecto, já que o facto de chover pouco é uma das vantagens do arquipélago nesta matéria.
Nas visitas efectuadas às dessalinizadoras de Santa Cruz (Santiago) e do Mindelo (São Vicente) segundo João Navalho chegou-se a conclusão que será "interessante" a implementação do projecto nestas localidades, tirando um ou outro eventual problema que poderá haver de espaço.
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