Portugal
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Imigrantes são peça chave para o desenvolvimento de regiões deprimidas e repulsivas
Imigrantes são peça chave para o desenvolvimento de regiões deprimidas e repulsivas, conclui estudo da Universidade de Coimbra.
Se várias comunidades de imigrantes não se tivessem instalado nas regiões fronteiriças do Alto Alentejo e de Badajoz, muitas áreas estariam completamente despovoadas e abandonadas, conclui um estudo do CEGOT - Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território sobre “Imigração e Desenvolvimento em Regiões de Baixas Densidades. Territórios de fronteira no Alentejo (Portugal) e na Extremadura (Espanha)”, o primeiro do género realizado em Portugal, que ao longo dos últimos 5 anos foi desenvolvido pela investigadora Fátima Velez de Castro, da Universidade de Coimbra.
O caso mais pertinente «é o da Serra de S. Mamede que durante os últimos 10 anos, fruto da intervenção de diversas comunidades de imigrantes, nomeadamente ingleses, alemães e neerlandeses, sofreu grandes alterações positivas, sobretudo na preservação e requalificação da paisagem natural e construída», ilustra a investigadora.
A investigação, apoiada pela FCT - Fundação para a Ciências e Tecnologia e pelo CEI - Centro de Estudos Ibéricos da Guarda, incidiu em sete concelhos da região do Alto Alentejo (Marvão, Castelo de Vide, Portalegre, Monforte, Arronches, Campo Maior e Elvas) e em duas comarcas espanholas (Alburquerque e Badajoz). A escolha prende-se com o facto de nesta região residirem indivíduos de 164 nacionalidades, o que evidencia a diversidade humana do território.
O estudo revela também que não são apenas imigrantes laborais em idade activa, ou cidadãos estrangeiros reformados que optam por se instalar nestas regiões deprimidas. Também há um conjunto de pessoas que, nos seus países de origem, estavam no topo da carreira. Ao chegarem a Portugal, investiram em negócios próprios (agricultura mediterrânica - produção de vinho e azeite - e pecuária -criação de gado ovino e bovino) e na promoção turística, apostando fortemente no agroturismo e no turismo rural.
Estes investimentos, observa Fátima Velez de Castro, «estimularam a economia regional e, por isso, as áreas mais repulsivas da região ganharam com este novo dinamismo demográfico. Algumas revelam-se mesmo “cosmopolitas”, como é o caso de Castelo de Vide». Por outro lado, inquéritos realizados mostraram que «a integração destas comunidades heterogéneas com a população local tem sido pacífica e são organizadas várias atividades de fusão, o que em termos de geografia humana é muito interessante».
Tranquilidade, qualidade ambiental, emprego, proximidade de amigos e familiares, preço da habitação (compra e arrendamento), segurança e boa relação com a comunidade local, são os motivos mais evidenciados por estes estrangeiros para terem escolhido esta região para viverem. Um dado curioso é que, enquanto o paradigma comum encara o despovoamento como um problema premente, os imigrantes encaram o fenómeno das baixas densidades populacionais como um factor atractivo e decisivo para a fixação nestes territórios, pois permite-lhes uma qualidade de vida muito boa.
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