Moçambique
Redução de caudais de rios provoca escassez de peixe no centro de Moçambique
A redução dos caudais dos rios de Manica, centro de Moçambique, devido à escassez de chuva e ação do garimpo, está a provocar a falta de peixe, um dos principais alimentos da população, disse hoje fonte oficial.
António Mapure, secretário permanente da província de Manica, disse que o Governo tem notado com preocupação a "baixa precipitada" dos caudais dos principais rios da região, sobretudo os que alimentam a albufeira de Chicamba, que dá nome à espécie do peixe.
"Os caudais dos rios estão a baixar por falta de chuva nos últimos anos e isso tem resultado na escassez do peixe Chicamba, uma espécie típica da província de Manica", explicou António Mapure, que se manifestou apreensivo com a situação.
A escassez da espécie ameaça a dieta alimentar e rendimento de varias comunidades, sobretudo ribeirinhas, que tinham o peixe como fonte de rendimento e nutrição.
"Está muito difícil, agora, encontrar o peixe. Antes, muitas senhoras vendiam, nas instituições ou na rua, mas agora é difícil encontrá-las, mesmo em Messica, onde o peixe era abundante", disse à Lusa Marta Picardo, uma dona de casa, residente em Chimoio.
Outrossim, é a poluição das águas de seis rios atualmente, deteriorando o habitat, devido ao excesso de lama que impede a respiração da terra, comprometendo as espécies aquáticas naqueles rios, incluindo a Chicamba, com pouco espaço para repovoar.
"Tem havido muita procura deste prato (peixe Chicamba), sobretudo por visitantes da província, mas a oferta tem reduzido muito, porque agora nem sempre somos fornecidos do peixe. As pessoas já não trazem, ou trazem em pouca quantidade e muito fino", explicou à Lusa Rosário Estêvão, proprietário de um restaurante.
A falta de chuva em Manica já provocou a redução, até 20 metros de altura, do nível de água na albufeira, onde está implantada a Hidroeléctrica de Chicamba, a segunda maior do país, o que compromete o funcionamento pleno da infraestrutura, tendo em conta que parte dos elementos que compõem a estrutura física da barragem encontram-se já a descoberto.
Além de ser fonte alternativa e sustentável para fornecimento de energia elétrica às cidades de Chimoio (Manica) e da Beira (Sofala), em caso de problemas na Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), a albufeira abastece água potável as cidades de Manica e Chimoio, vila de Gôndola e outros povoados.
Entretanto o governo de Manica, através do Instituto de Desenvolvimento de Aquacultura, intensificou a produção de peixe, tendo repovoado 150 tanques familiares com cerca de 200 mil, para suprir a desnutrição da população em cinco distritos da província.
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