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A China quer falar português nos negócios
Países como Angola e Brasil tornaram-se “vitais para a prosperidade” do país asiático, que vai, segundo afirma o investigador Loro Horta (na foto) citado pelo site "Macauhub", continuar a investir de forma “determinada e deliberada” nas relações com o mundo de língua portuguesa.
Na tese de mestrado “As Relações da China com os Países de Língua Portuguesa: Uma Relação Crescente mas Ignorada" que concluiu recentemente, Horta sublinha que o mundo de língua portuguesa tem vindo a ganhar importância para a China, em sectores como a segurança energética e mercados, atingindo um nível “vital” no caso de Angola e do Brasil.
“Como tal, a China vai continuar a investir na relação de maneira deliberada e determinada”, refere o investigador.
O comércio entre a China e os países de língua portuguesa registou um aumento 9,7% entre Janeiro e Novembro de 2012 face a igual período de 2011 para 117,7 mil milhões de dólares, de acordo com os dados mais recentes das alfândegas chinesas.
Nos primeiros 11 meses do ano, a China comprou aos oito países de língua portuguesa mercadorias no valor de 80,5 mil milhões de dólares, um acréscimo homólogo de 11,86% e vendeu bens cujo valor ascendeu a 37,1 mil milhões de dólares, um acréscimo de 5,31%.
O Brasil manteve-se como principal parceiro económico da China (de entre países de língua portuguesa), com um volume de trocas comerciais de 78,1 mil milhões de dólares, mais 0,66% do que em 2011.
Já com Angola, o segundo parceiro chinês no mundo de língua portuguesa, o comércio registou um aumento de 37,73% até Novembro para 34,57 mil milhões de dólares, com vendas à China de 30,87 mil milhões de dólares, mais 36,73%, e compras de 3,70 mil milhões de dólares, mais 46,72% face a igual período de 2011.
No estudo, Loro Horta sublinha que a relação com o Brasil é hoje das mais importantes para a China e que, apesar de “tensões”, deverá continuar a crescer.
Os interesses em Angola, Cabo Verde e Moçambique
No caso de Angola, o interesse da China baseia-se nos recursos naturais, sobretudo no petróleo, e a relação passa, defende Horta, por cultivar a proximidade com as elites políticas e não pela criação de grande número de postos de trabalho. Já em Cabo Verde, o sucesso dos negócios chineses é o oposto.
“Os negócios chineses são capazes de se adaptar a numerosas circunstâncias e mostram uma sofisticação muitas vezes incompreendida”, adianta o investigador.
Também em Moçambique, os investimentos chineses estão a criar cada vez mais empregos a nível local, resultado do aumento dos custos laborais na China.
A África de língua portuguesa, refere, demonstra que o investimento chinês vai além da extracção de recursos, incluindo turismo, agricultura e banca, “desafiando muitos dos preconceitos iniciais sobre a China em África”.
De origem timorense e formado pela Universidade de Defesa Nacional do Exército de Libertação do Povo (China), Loro Horta viveu em Moçambique, colaborando actualmente com diversos centros de investigação em todo o mundo.
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