Ambiente
CABO VERDE
DGA pondera introduzir um plano nacional de conservação dos tubarões
A Direcção Geral do Ambiente (DGA) anunciou, na Praia, que está a ponderar introduzir ainda em 2013 um plano nacional de conservação dos tubarões na sequência de críticas de algumas associações de protecção ambiental que vem denunciado a captura desenfreada e que colocam essa espécie marinha em perigo de extinção nos mares de Cabo Verde.
O referido plano, que está a e ser trabalhado em parceria com o Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas (INDP), irá fazer um diagnóstico da situação das espécie e levar as autoridades a tomarem medidas especiais que, em caso de risco, poderão incluir uma restrição de captura do tubarão.
A Biosfera I, associação de defesa do Ambiente, com sede no Mindelo, na ilha de São Vicente tem sido uma das mais activas na denúncia da captura desenfreada desta espécie depredadoras na zona económica exclusiva do arquipélago, sobretudo por barcos europeus que pescam nestas águas, ao abrigo do acordo de pesca que a União Europeia mantém com Cabo Verde.
A Biosfera I considera que os barcos da UE, que estão a pescar em Cabo Verde, não o fazem pelo atum, mas sim pelo tubarão.
“Temos vindo a investigar esses barcos europeus, e mesmo junto a pescadores cabo-verdianos que trabalham nessas embarcações, e constatámos que a pesca que têm feito é de tubarões, sendo que o atum, a espécie que deveriam pescar, representa apenas uma ínfima parte do seu pescado”, denunciou em tempos o presidente da associação, José Melo.
A Biosfera I tem vindo também a denunciar o desembarque no Porto Grande de São Vicente de grande quantidade de tubarões capturados, sobretudo, por barcos espanhóis, sem que as autoridades competentes tomem medidas para pôr cobro a uma situação que coloca em risco o equilíbrio ambiental nos mares de Cabo Verde.
No entender da associação, o último Acordo de Pesca assinado, há cerca de dois anos, entre a UE e Cabo Verde, e que permite 84 navios capturem cinco mil toneladas de atum por ano, não tem sido cumprido. “Para provar que estes pescadores não querem o atum, há relatos de que a pouca quantidade que estes apanham é vendida, a cerca de dois euros, às vendedeiras do mercado de peixe de São Vicente. O interesse deles é o tubarão, mas concretamente as barbatanas, que no último mês custava no mercado internacional cerca de 300 euros por quilo “, elucida José Melo.
Para a Biosfera I, uma das principais consequências apontadas dessa pesca ilegal é a ameaça à fauna marinha de Cabo Verde. “Eles estão a capturar o tubarão que é tido como controlador-mor do ecossistema marinho”, esclarece José Melo, precisando que o tubarão “é um dos responsáveis pelos cardumes de outras espécies, especialmente cavala, que representa um dos nossos sustentos, mantendo a salubridade dos mares porque captura na maioria animais feridos e doentes”.
Em Novembro do ano passado, uma equipa da Biosfera I esteve em Bruxelas a participar de uma mesa redonda sobre as políticas da União Europeia para a pesca, principalmente nos países africanos.
O convite surgiu para a participação da associação surgiu na sequência do documentário realizado entre 2011/2012 em Cabo Verde por esta ONG e que referia diversos problemas ambientais como a extração ilegal de areia nas praias, a captura de tartarugas e a pesca insustentável.
Nesse encontro, a associação apresentou Cabo Verde como um exemplo da pesca insustentável de tubarões pelos barcos da UE.
Esse encontro, em que estiveram representantes da ONU, da GreenPeace, da WWF, Ocean 2012 e mais 300 convidados, teve como objectivo pressionar o Parlamento Europeu a rever a má política da União Europeia para a pesca, principalmente nos países africanos.
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