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Empresas de transporte marítimo reduzem velocidade dos navios para cortar custos Desde a crise de 2008 que as transportadoras têm reduzido a velocidade de navegação para cortar custos e manter em actividade o maior número possível de embarcações. Para saber como vai a economia chinesa basta apanhar um barco num dos seus portos. Mesmo com o combustível ao preço mais baixo da última década, os navios que transportam mercadorias para todo o mundo têm vindo a andar mais devagar, em linha com o abrandamento económico da China, o maior exportador. As empresas de transporte marítimo reduziram a velocidade de navegação desde a crise financeira mundial em 2008, como forma de diminuir os custos e manter em actividade o maior número possível de navios. Segundo dados recolhidos pela Bloomberg, as embarcações operam neste momento a uma velocidade média de 9,69 nós, comparados com os 13,06 de há sete anos. Isto significa que os ténis da Nike e as bonecas Barbie fabricadas na China podem, agora, demorar duas semanas a chegar a Los Angeles e um mês a chegar ao porto de Havre, em França - uma semana mais tarde do que se os barcos navegassem com maior velocidade. E, de acordo com a dinamarquesa Maersk, os navios poderão navegar ainda mais devagar. “Essa é a nova norma”, afirma Rahul Kapoor, director dos Drewry Maritime Services, em Singapura. “A velocidade global desta actividade foi reduzida e não há maneira de voltar atrás.” Nos anos de boom anteriores à crise financeira de 2008, as companhias de transporte marítimo expandiram as suas frotas e manobravam os navios o mais rápido que podiam a fim de satisfazer a crescente procura de bens de consumo. Quando a procura caiu, as rotas passaram a ter navios a mais e os clientes esforçaram-se por reduzir os seus inventários, preferindo pagar menos para receber a mercadoria e prescindindo de entregas rápidas. “Em 2003, quem estivesse num navio-tanque veria passar os navios de contentores e, em poucos minutos, eles desapareceriam no horizonte”, conta Rahul Kapoor. “A partir de 2008, a história passou a ser outra.” Os custos com combustível constituem a maior despesa das companhias de transporte marítimo e a queda do preço do petróleo trouxe-lhes algum alívio face à redução nas taxas de frete, provocada pelo excesso de capacidade e pelo abrandamento do crescimento global. Segundo a consultora Det Norske Veritas, reduzir a velocidade de um navio em 10% pode fazer baixar o consumo de combustível em cerca de 30%. Após a decisão, este mês, da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) de abandonar os limites à produção, o preço do petróleo bruto Brent caiu cerca de 35%, para 37 dólares por barril - próximo dos preços mais baixos atingidos durante a crise financeira. Eulogio Del Pino, ministro venezuelano do petróleo, disse no mês passado que os preços poderiam descer mais 20 dólares em 2016. Mesmo assim, companhias de transporte marítimo como a Neptune Orient Lines e a China Shipping Container Lines continuam a perder dinheiro. “Ainda há margem para diminuir a velocidade de navegação, mesmo em tempos de petróleo barato”, diz Mikkel Elbek Linnet, porta-voz da Maersk Line, a unidade de contentores da Maersk, que foi a primeira a reduzir a velocidade de navegação em 2008. “Os nossos clientes já não querem pagar um preço mais alto para entregas mais rápidas.” “Toda a gente viu os benefícios que a Maersk Line estava a ter com os novos navios e a uma velocidade de cruzeiro mais baixa”, constata Park Moo-hyun, analista da Hana Daetoo Securities Co., em Seul, na Coreia. As empresas de navegação começaram a perder dinheiro ou a ter menores lucros no terceiro trimestre, em regra o período de maior actividade devido ao facto de os retalhistas nos Estados Unidos e na Europa expandirem os seus inventários a pensar na época festiva do final do ano. De acordo com dados recolhidos pela Bloomberg, os custos de transporte de um contentor de 40 pés de Hong Kong para Los Angeles baixaram para 818 dólares na semana que terminou a 15 de Dezembro, o preço mais baixo registado desde que a Drewry Shipping Consultants começou a compilar estes números, em Abril de 2011. Esta tendência está a levar as empresas a manter alguns navios inactivos. No último mês, as companhias de navegação procederam à maior redução de actividade em cinco anos, tendo as rotas entre a Ásia e a Europa registado as maiores quebras, segundo os analistas da Alphaliner. O excesso de capacidade disponível poderá ainda piorar quando forem lançados novos navios, maiores e mais eficientes. Segundo a consultora Drewry, espera-se que sejam entregues, neste ano e no próximo, navios com uma capacidade global de cerca de 2,9 milhões de contentores de 20 pés. “O volume de negócios está a diminuir”, afirma Shin Ji Yoon, investigador-chefe da KTB Investment & Securities, em Seul. “A desaceleração da procura global deu origem a um excesso de navios e a redução da velocidade de navegação foi utilizada para minorar um pouco o problema.” Com Christian Wienberg e Nicholas Brautlecht Exclusivo PÚBLICO/Bloomberg
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