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Relatório apresenta primeiros resultados de estudos sobre o canal de navegação do Porto de Santos

Os primeiros resultados dos estudos e pesquisa de obras para otimização morfológica, náutica e logística do canal de acesso do Porto de Santos, produzido pela Universidade de São Paulo (USP) para a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), foram apresentados ao Conselho de Autoridade Portuária – CAP do Porto de Santos.

A restrição à largura do canal no trecho I, desde a Barra até o Entreposto de Pesca, de 220 metros para 170 metros, solicitada pelo Ministério Público, considerando que a amplitude do canal possa trazer impactos às praias da região, é um dos principais itens do estudo produzido pela universidade.

O diretor presidente da Codesp, Alex Oliva, participou da reunião e acompanhou a apresentação de quase duas horas, feita pelos pesquisadores da USP. Oliva destacou a complexidade, a abrangência do material preliminar já produzido a partir de trabalhos realizados nos laboratórios da universidade e exibido por quatro professores doutores.

As conclusões iniciais demonstram que a redução da largura do canal para 170 metros implica na alteração do chamado navio tipo que hoje opera em Santos, com dimensões de 306 metros de comprimento e 46 metros de boca.

Uma das principais limitações imposta por uma redução da largura é quanto à realização da curva para acessar o canal interno. Com o canal mais estreito, a realização da curva para adentrar ao porto provocaria grave risco à navegação. A partir de uma série de trinta simulações feitas tanto por computador como utilizando gabaritados profissionais da praticagem, demonstrou-se que, até um navio com 265 metros de comprimento, mesmo em condições satisfatórias de corrente, ventos e maré, já navegaria muito próximo ao talude do canal, apresentando grande chance de ocasionar um grave acidente.

Além da abordagem quanto às condições de navegabilidade segura a partir da redução, os estudos apontam também a crescente demanda por embarcações dentro dos padrões atuais de navio tipo. Hoje, 25% dos navios que operam contêineres em Santos transportam acima de 7,56 mil contêineres, até o máximo de 10,6 mil contêineres. A redução já comprometeria significativamente a operação com esses navios no Porto de Santos.

No aspecto geral, considerando-se a demanda dos diversos terminais, o estreitamento do canal implicaria na redução desse navio-tipo, provocando um aumento na quantidade de navios menores, intensificando o tráfego, ampliando a fila, tempo de espera, reduzindo a capacidade operacional de terminais, alavancando despesas com frete, ampliando custos, contendo o desenvolvimento do porto e, consequentemente, impactando o transporte marítimo e o comércio exterior, além da economia da região.

Tal quadro provoca imensa preocupação no segmento portuário. O presidente da Codesp garante que tal redução engessa qualquer possibilidade de desenvolvimento do complexo santista, principal equipamento portuário do país e vital para a economia nacional.

O secretário municipal de Assuntos Portuários e Marítimos e membro do CAP manifestou-se afirmando que o porto é a grande riqueza da região e que se deve garantir ao Ministério Público a preservação da natureza, oferecendo-se soluções que não impeçam o crescimento do porto.

José Di Bella, diretor da Cosan e membro do CAP, destacou que os terminais necessitam de condições favoráveis à navegação para operar com navios que garantam competividade às exportações.

A apresentação no CAP foi conduzida pelos professores da Escola Politécnica da USP, Eduardo Aoun Tannuri, coordenador do Centro de Estudos Náuticos e Portuários – Tanque de Provas Numérico; Rui Carlos Botter, da área de Logística e Transporte, do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica; Marcos Pinto, do departamento de Engenharia Naval e Oceânica, do Centro de Estudos em Gestão Naval e pelo engenheiro José Carlos de Melo Bernardino, coordenador da Área de Modelação Hidráulica, da Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica. Segundo o presidente da Codesp, um relatório será especialmente produzido para encaminhamento ao Ministério Público.