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Opinião | ||
As apostas da Floresta e do Mar Nunca como agora as questões da sustentabilidade e da valorização duma nova economia verde estiveram em cima da mesa e estão de forma central na agenda europeia do Horizonte 2020 e de outros programas estratégicos internacionais. A promoção de uma economia verde passa por muitas dimensões da cadeia de valor económica e social, desde a racionalização de processos industriais a ações de forte promoção e comunicação junto de públicos-alvo centrais. Outra importante dimensão da economia da sustentabilidade prende-se com a valorização dos recursos naturais. Abordamos, neste contexto, os exemplos da floresta e do mar e das dinâmicas a que estão associados.
O exemplo da floresta
As indústrias de base florestal (pinheiro, eucalipto e sobreiro) representam já hoje um dos desafios mais acabados de reinvenção da economia nacional, tendo para esse efeito sido constituído o respetivo polo de competitividade e tecnologia, que envolve os diferentes atores deste vasto setor. Reinventar a fileira florestal é assim em grande medida dar um sinal positivo de confiança no futuro.
As indústrias de base florestal (traduzidas pelas indústrias de cortiça, pasta e papel e madeira e mobiliário) atravessam um processo de profunda renovação, diretamente apoiado no aumento da cooperação entre empresas, organizações, universidades e entidades públicas, com vista ao aumento do respetivo volume de negócios, das exportações e do emprego qualificado. Mais globalmente, e tendo por base os princípios da cadeia de valor de Michael Porter, definiu-se de forma clara um objetivo de tornar os produtos e serviços associados à fileira florestal globalmente mais competitivos e com uma forte de inovação aberta em constante processos de consolidação ativa.
A reinvenção da fileira florestal é um processo ativo que assenta muito na capacidade de criar valor a partir de novos projetos estratégicos. De destacar, neste contexto, a sequenciação dos genomas do sobreiro e do pinheiro, a melhoria do material genético para a renovação da floresta portuguesa e redução dos fatores de risco biótico e abiótico (tratamento e seleção de sementes), a criação de um “carbon footprint label” (um rótulo com a pegada do carbono) para os produtos de base florestal, a criação de um Observatório dos Recursos Florestais destinado a fornecer à indústria e aos principais stakeholders (influenciadores / beneficiários) da fileira florestal informação sobre o balanço das disponibilidades dos recursos florestais.
O exemplo do mar
Portugal é hoje um país da linha da frente na promoção do mar como um fator de estratégia competitiva. A aposta que nos últimos anos se tem consolidado de reforço de uma “economia do mar” constitui a melhor evidência do impacto que a “partilha permanente do conhecimento” tem que ter na construção de uma plataforma social mais competitiva mas seguramente mais coesa do ponto de vista social e humano. Apostar no mar é desta forma um ato de primazia à inovação e conhecimento mas sem esquecer a capacidade inclusiva que a natureza tem que saber propiciar a uma sociedade cada vez mais complexa.
Não se pode conceber o desígnio estratégico da competitividade sem atender à dimensão essencial da coesão social, fator central do equilíbrio do desenvolvimento e da justiça entre os diferentes segmentos da sociedade civil. Quando se fala da “economia do mar”, mais do que relevar a avaliação das condições naturais de aproveitamento desta riqueza que o país tem, o que importa é definir as bases de uma vantagem competitiva estratégica assente no papel dos diferentes atores que se articulam com este recurso estratégico. Desta forma, constroem-se as bases para um futuro sustentado do ponto de vista económico e social.
A afirmação de uma vantagem competitiva do mar constitui um claro desafio a um compromisso mais do que necessário entre competitividade e coesão social, voltado para os desafios estratégicos que se colocam ao país. Importa, no quadro da evolução global de Habermas, reforçar a identidade dos territórios e das organizações. A força estratégica da História e de “marcas centrais” como os oceanos para a “marketização” internacional do país é um ativo consolidado e através da viagem ao longo do país isso aparece-nos reforçado. Trata-se de fazer da identidade um fator de diferenciação qualitativa estratégica numa rede global que valoriza cada vez mais estes novos ativos.
A floresta e o mar são dois exemplos muito concretos de como uma aposta estruturada nos recursos naturais é uma das dimensões mais relevantes da nova economia da sustentabilidade. Ao apostar em projetos estruturantes concretos a partir destes (e de outros) recursos naturais, a nossa economia reforça a valorização da dimensão sustentável ao nível da cadeia de valor, da integração em redes internacionais e da construção de novos contextos competitivos de base colaborativa para o futuro. 2016-04-04 11:10
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