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Brasil tem vocação para unir a América do Sul Os esforços para integrar a América do Sul datam do século 19, quando se buscava um continente unificado e independente para enfrentar as ameaças de dominação político-econômica externas. Comercialmente, porém, foi com a criação da Associação Latino-Americana de Livre-Comércio (Alalc), na década de 1960, que a tentativa começou a se concretizar. A Alalc serviu de experiência para aproximar diversos países na busca pela ampliação de seus fluxos comerciais. Assim, houve inúmeras empreitadas nesse sentido, com a criação da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi); a União Sul-Americana de Nações (Unasul); o Mercado Comum do Sul (Mercosul); e a Comunidade Andina (CAN). Um caminho que levou também à ampliação de acordos bilaterais independentes, entre si, e com aqueles mercados de maior poder de barganha. Agora, a atual conjuntura global exigirá do Brasil uma definição clara de seu interesse e respostas rápidas e transparentes aos desafios apresentados pelo novo cenário geopolítico na região. “No complexo quadro de transição que a América do Sul atravessa, impõe-se, como interesse brasileiro, uma visão estratégica de médio e longo prazos para uma retomada”, avalia a assessoria técnica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). E continua: “É nítido hoje que a matriz da política externa brasileira, como decisão de Estado – e não somente de governo –, está fortemente direcionada à concreta aceleração da integração da América do Sul, tanto em função dos aspectos políticos quanto nas oportunidades de desenvolvimento econômico conjunto, com destaque para a infraestrutura”. De acordo com a entidade, nos próximos anos, a economia e as condições sociais tendem a evoluir na América do Sul, que estará mais bem integrada em infraestrutura e a complementaridade de produção passará a incrementar o consumo de bens e serviços, inclusive os de saúde e de educação, além da oferta de turismo para todo o mundo. Diante dessas circunstâncias, é preciso manter a prioridade no processo de integração regional e retomar projetos também de construção de rodovias e de ferrovias, estratégicos para permitir que as exportações de produtos brasileiros para a Ásia saiam de portos do Peru e do Chile. “Em relação ao Chile e ao Peru, há um concerto de ações que visam a aproveitar os acordos de livre-comércio que os Estados associados do Mercosul [Mercado Comum do Sul] têm com diferentes países e /ou regiões para utilizar seus portos, mediante algum tipo de adição de valor, para escoar a produção do Centro-Oeste brasileiro para os afluentes mercados da Aliança do Pacífico”, destaca a FecomercioSP. É recomendável ainda negociar a ampliação dos acordos bilaterais com todos os países sul-americanos, assim como faz o Chile com seus mais de 50 tratados, garantindo aos vizinhos uma ampla abertura do mercado brasileiro. “Há de se concentrar esforços hemisféricos na aproximação com os mercados afinados culturalmente.” Essa necessidade ganha mais relevância nos países com correntes imigratórias similares à brasileira. Particularmente, Argentina, Uruguai e Chile. “Existem estratégias que mesmo no âmbito da América do Sul são por circunstâncias exclusivamente bilaterais.” Isso não inibe outras modalidades de parceria, como o Tratado ABC, por exemplo, perseguido pela Chancelaria brasileira desde o Barão do Rio Branco. Trata-se de acordo firmado em 1915 que funcionava como norma de procedimento complementar aos tratados bilaterais de arbitramento já assinados por Argentina, Brasil e Chile entre si. A vocação para uma política comum de desenvolvimento existe. Apenas requer protagonismo do Brasil para reflexão, grande esforço de planejamento e constantes avaliações.
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