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Cabo Verde 

Cinco barcos e meio milhão de euros para mudar o transporte marítimo em Cabo Verde

O transporte marítimo em Cabo Verde vai contar com cinco navios, menos 15 que os atuais, e a concessionária vai investir meio milhão de euros para a constituição da sociedade e dotação de fundos, segundo o administrador da empresa.

Luís Figueiredo (na foto), Presidente do conselho de administração da empresa portuguesa Transinsular, que ganhou a concessão do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga em Cabo Verde, falava aos jornalistas no final da cerimónia de assinatura do contrato de concessão, na cidade da Praia.

Segundo este contrato, que tem uma duração de 20 anos, a Transinsular vai gerir a concessão com 51% do capital social e 49% do capital social da empresa será detido pelos armadores cabo-verdianos.

Segundo Luís Figueiredo, a nova sociedade que vai gerir a concessão, a "CV Interilhas Transportes Marítimos SA" vai ser dotada de capital e terá "todas as capacidades e potenciais de crescimento".

"O capital social vai partir com meio milhão de euros, é um avanço inicial para a constituição da sociedade e dotação de fundos. Depois vamos adaptando. Não queremos fazer nem investimentos disparatados nem desnecessários", afirmou.

Luís Figueiredo acredita que cinco barcos serão suficientes para assegurar as ligações e que os seis meses de que dispõe para o projeto estar em andamento são suficientes, querendo até antecipar.

Contudo, ressalvou que se forem necessárias mais embarcações, poderão ser acrescentadas.

Na cerimónia de assinatura do acordo de concessão, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, afirmou que esta solução "vai mudar Cabo Verde".

"O que estamos a concretizar aqui é um processo de reforma, não é uma mera gestão de continuidade", disse, acrescentando: "O que está a ser construído tem impactos que serão evidentes e fortes".

O acordo permitirá, na opinião do chefe do Governo, "disponibilizar ao país ligações marítimos inter-ilhas em condições de regularidade, previsibilidade, qualidade e segurança".

"Permitir às pessoas, aos empresários, aos produtores programarem as suas viagens, as suas produções, porque sabem que quando tiverem de viajar e escoar os seus produtos sabem em que dia o podem fazer".

Por seu lado, a solução parece agradar também aos armadores nacionais, com a maioria a ter já assinado o acordo com o Governo.

Franklim Aguiar, um armador nacional, sócio-gerente da empresa "Polaris", sublinhou que a medida salvaguarda os ativos das empresas nacionais.

Sobre a opção de entrar no capital da concessionária, Franklim Aguiar disse que isso aconteceu porque "a atitude do Governo mudou".

"Os nossos ativos estão salvaguardados e sentimos confiança em fazer parte desta estratégia que achamos que é muito boa para cabo verde".

Em relação aos restantes barcos que operam atualmente e que não farão parte do conjunto inicial de cinco que irão assegurar as ligações, este armador disse que deverão ser abatidos, pois não deverão assegurar condições de segurança dentro de três ou quatro anos.

Para o ministro do Turismo e Transportes e da Economia Marítima, José Gonçalves, mais importante que o montante que o Estado cabo-verdiano encaixa é a garantia de unificação de mercado que o acordo proporciona.

"É a primeira vez na história deste arquipélago, com 550 anos, que garantimos uma solução profunda de unificar o mercado em que um passageiro, de ponta a ponta do país, pode embarcar os seus bens e mercadoria e sabe com previsão quando chega ao destino, independentemente das ilhas", disse.

O ministro sublinhou que após o "período inicial deficitário", que deverá durar três a cinco anos, segundo estudos realizados, deverá existir um resultado final positivo, a dividir entre o Estado e a concessionária.

Sobre a solução de 51% (empresa) e 49% (armadores), José Gonçalves disse que a mesma é "muito boa" e, sobretudo, "inclusiva".

Segundo o administrador da Transinsular, a empresa está igualmente interessada em avançar para a concessão dos Estaleiros de São Vicente, assim como os portos geridos pela Enapol.

São "áreas de interesse" do grupo EPE, a que pertence a Transinsular, disse, acrescentando que a empresa irá aguardar a abertura dos concursos para avançar com propostas.

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