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Conheça um dos principais diferenciais competitivos do Ceará Concebido como um terminal portuário, local se tornou um grande complexo, com área indústria e a única ZPE ativa no Brasil Responsável por mais de 50% de todas as exportações e importações do Ceará, o Porto do Pecém tem sido, há quase duas décadas, um dos principais diferenciais competitivos da economia do Estado. Localizado no município de São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), o equipamento deixou de ser, ao longo dos anos, um simples terminal portuário para se tornar um grande complexo, com área industrial, porto e Zona de Processamento de Exportação (ZPE), a única atualmente em atividade no Brasil. Opinião: Pecém, de um sonho a uma política de Estado Fruto de uma joint venture formada pelo Governo do Ceará e pelo Porto de Roterdã, na Holanda, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém conta com condição geográfica privilegiada, tendo em vista que o porto possui a menor distância entre o Brasil e regiões estratégicas como os Estados Unidos, Europa e o norte da África. Constantemente expandindo-se e recendo melhorias para sua operação, o local movimentou o número recorde de 18,1 milhões de toneladas de cargas em 2019, mostrando assim um desenvolvimento forte e ininterrupto. Inaugurado em março de 2002, o Porto do Pecém movimentou, naquele ano, apenas 386.990 toneladas de cargas, valor este que conseguiu mais do que dobrar já no ano seguinte, atingindo 837.952 toneladas. De lá para cá, o volume de movimentação não parou de crescer e alcançou a média mensal de 1.508.397 toneladas no ano passado, um feito praticamente inimaginável há 18 anos, mas que não surpreende quem acompanhou toda a trajetória de evolução do local, como Waldir Sampaio, diretor executivo de operações do Complexo do Pecém. “Começamos operando apenas contêineres, mas, em pouco tempo, já passamos a atender empresários que queriam transportar bobina de aço, frutas e minérios voltados às exportações. No decorrer dos anos, fomos fomentando os mais diferentes tipos de cargas e, hoje, possuímos um porto com um mix que dificilmente é encontrado em outro terminal do Brasil”, destaca Waldir Sampaio. Segundo o diretor do Complexo, atualmente o Pecém possui uma importante expertise no desembarque de granéis sólidos, minério de ferro e carvão mineral, assim como no embarque de placas de aço e pás eólicas, o que diferencia o local de outros portos brasileiros. “São produtos difíceis de movimentar, que exigem conhecimento específico e equipamentos de primeira linha para tal. As placas de aço, por exemplo, variam de 20 a 40 toneladas, portanto não é qualquer um que as movimentam. Nós possuímos a estrutura para isso”, afirma. Além do conhecimento específico e de equipamentos modernos, como os dois maiores portêineres em operação no território brasileiro, o Pecém também conta com vantagens geográficas que o diferenciam de outros portos do País, como é o caso do calado natural existente no local, com profundidade para atracar embarcações com até 15,3 metros de calado. “Não há canal de aproximação, pois não temos nenhum tipo de problema para atracar navios, como em alguns locais, onde é necessário aguardar a maré. Essa facilidade nos dá uma vantagem importante, principalmente considerando a nossa natureza offshore, afastado da terra. Não gastamos recursos em dragagem”, diz Waldir Sampaio. No ano de sua inauguração, o Porto do Pecém registrou um total de 167 atracações. Com seu desenvolvimento e ampliação, o local atracou, em 2019, exatos 703 navios, valor mais do que quatro vezes superior ao de 18 anos atrás. Neste ano, somente entre janeiro e junho, 306 atracações ocorreram no terminal. Crescimento em meio à pandemia Mesmo diante da pandemia da Covid-19, o Complexo do Pecém não deixou de movimentar cargas em nenhum dia deste ano. Segundo a administração do local, isso ocorreu porque toda uma logística foi criada, através de comissões e cooperação dos colaboradores, para que o Estado não fosse prejudicado com nenhum tipo de desabastecimento. “Nenhum navio deixou de atracar”, informa. Por conta desta operação ininterrupta, o Pecém registrou, no primeiro semestre de 2020, crescimento de 4% nas exportações de mercadorias, mesmo com a pandemia tendo afetado diversas empresas e portos pelo mundo. Ao todo, 2.492.843 toneladas foram embarcadas entre janeiro e junho, contra 2.393.659 toneladas registradas pelo Complexo no mesmo período do ano passado. A movimentação acumulada de contêineres registrou a marca de 151.717 TEUs (95.343 unidades), alta de 3% em relação ao resultado obtido no mesmo período de 2019. A cabotagem respondeu por 139.085 TEUs, mantendo-se estável ao mesmo período de 2019. No longo curso, o crescimento foi de 58%, passando de 7.996 TEUs, em 2019, para 12.632 TEUs, no primeiro semestre de 2020. Além de garantir a continuidade das exportações e importações cearenses, o funcionamento do Pecém, em meio à pandemia, também foi fundamental para a manutenção do emprego para milhares de pessoas. Atualmente responsável por gerar cerca de 26 mil postos de trabalho, o complexo, segundo dados do Sistema Nacional de Emprego do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), até mesmo ampliou seu quadro durante a crise, tendo contratado 872 pessoas no primeiro semestre de 2020, uma alta de 70% ante o mesmo período de 2019. Principais mercadorias Como tem ocorrido ao longo dos últimos anos, as principais mercadorias importadas e exportadas pelo porto giram em torno da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), empreendimento âncora do complexo, que teve sua produção iniciada em 2016 e conta com capacidade instalada de 3 milhões de toneladas de placas de aço por ano. Segundo Rômulo Alexandre Soares, sócio da APSV Advogados e vice-presidente da Federação Brasileira de Câmaras de Comércio Exterior, o empreendimento, que custou US$ 5,4 bilhões, foi fundamental para mudar o patamar de desenvolvimento de todo o Complexo do Pecém. “Se o porto e a infraestrutura que deram identidade ao polígono do complexo foram a grande contribuição pública para o Pecém, a siderúrgica foi a grande contribuição privada. Entretanto, mesmo nesse projeto, o apoio público federal e estadual foi determinante por conta do seu funcionamento dentro de uma ZPE, que não estava nos planos iniciais, mas foi fundamental para que a conta de investimento e produção vingassem”, pontua Rômulo Alexandre Soares. No primeiro semestre deste ano, todas as principais mercadorias que chegaram ao Ceará, através dos desembarques de longo curso, fazem parte do processo produtivo da CSP. São elas: carvão mineral (1.953.218 t), gás de petróleo (215.574 t); coque de petróleo (60.813 t) e produtos siderúrgicos (48.364 t). Em relação às exportações, foram embarcadas 1.249.402 de toneladas de placas de aço, o principal produto da siderúrgica, além de destaques como o minério de manganês (104.744 t) e frutas (47.195 t), outro segmento de importância local. Já na navegação de cabotagem, entre o Pecém e outros portos do Brasil, os principais produtos desembarcados, entre janeiro e junho, foram o minério de ferro (1.914.232 t), também matéria-prima para a CSP, além de cereais (256.714 t) e produtos siderúrgicos (165.620 t). Já os embarques ficaram por conta das movimentações de sal (161.247 t), farinha de trigo (89.940 t), placas de aço (77.208 t), cereais (55.643 t), assim como alumínio e suas obras (55.368 t). Ampliação e modernização Dando sequência ao contínuo desenvolvimento e ampliação do Complexo do Pecém, o terminal portuário iniciou a operação, no último dia 1º de agosto, de seu novo e décimo berço de atracação, que possui capacidade para receber navios de até 330 metros de comprimento, com calado de até 15,3 metros. Com a conclusão do berço 10, segundo a administração do Complexo do Pecém, está sendo finalizada a segunda expansão do porto, que contemplou investimentos para elevar a capacidade operacional do terminal, o que inclui a ampliação e pavimentação do quebra-mar; a construção de três novos berços de atracação (8, 9 e 10); e a aquisição da Correia Transportadora de Minérios e do Descarregador de Minérios. Em visita ao local no último dia 30 de julho, o governador do Ceará, Camilo Santana, destacou a importância desses projetos. “Este último berço faz parte de um conjunto de investimentos que o Estado fez, ao longo dos últimos anos, para a modernização e ampliação do Complexo do Pecém. Somente com os quatro últimos berços e a nova ponte, foram investidos em torno de R$ 700 milhões. Ao todo, R$ 1,3 bilhão foi aplicado no local, incluindo correias transportadoras, estradas para as placas, rodovias e descarregadores para dar suporte à produção da CSP. É um complexo que tem crescido a cada ano” destaca Camilo Santana. Ainda de acordo com o governador, o Porto do Pecém, atualmente, é quase três vezes maior do que foi inicialmente concebido, e a expectativa é de que o desenvolvimento da área continue acontecendo ao longo dos próximos anos. “Isso mostra a importância deste complexo, principalmente para a geração de emprego, que é uma das maiores preocupações nossas neste momento”, pontua Camilo. A ideia, segundo ele, é fazer do Pecém o mais moderno porto brasileiro, com grande capacidade e agilidade de carregamento e descarregamento. “Queremos sempre aperfeiçoar a eficiência no serviço prestado aos navios que chegam do mundo inteiro”, finaliza.
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