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O novo robô-pinguim pode dar aos cientistas as tão desejadas respostas sobre os remoinhos oceânicos O dispositivo foi desenvolvido com o objetivo de colmatar a inexistência de meios que permitam estudar com detalhe os remoinhos oceânicos, elementos que têm um grande impacto na vida humana, apesar de forma impercetível. Há muito que os cientistas se sentem intrigados pelos remoinhos marítimos, uma vez que os instrumentos existentes para os monitorizar não permitiam fazê-lo com o grau de detalhe pretendido pelos especialistas. Até agora. Isto porque, depois de ver mais de 20 mil dólares em equipamento afundar nas profundezas do Pacífico, Burkard Baschek, diretor do Instituto Alemão das Dinâmicas Oceânicas Costeiras, decidiu por mãos à obra e criar o Quadron, um veículo subaquático autónomo produzido através de impressão 3D. O Quadron tem ainda o cunho de Rudolf Bannasch e da sua equipa na EvoLogics, empresa sediada em Berlim, que se especializa em biónica baseada na evolução natural. Bannasch é, de resto, a pessoa certa para explicar o porquê de a invenção ter uma forma algo inusitada, a de um pinguim. “Os pinguins providenciam uma forma com características ideais de racionalização”, explicou ao The Guardian. Os seus estudos, realizados no âmbito da navegação subaquática e de sistemas de comunicação, sugeriram que os pinguins são entre 20% a 30% mais racionalizados do que qualquer invenção produzida em laboratório, sendo a forma também ideal para fazer medições a alta velocidade. Para além da forma favorável, o dispositivo tem também incorporados múltiplos mini sensores, como GPS. Em abril, nos testes de protótipos, o Quadron — que mede cerca de um metro e pesa 25 kg — navegou num lago de Berlim, atingindo uma velocidade máxima de oito nós. Atualmente, os investigadores estão a desenvolver mais dois dispositivos semelhantes, de forma a estabelecer uma rede de monitorização que permita medir os moinhos em localizações diferentes e de forma simultânea — uma espécie de enxame de pinguins que nada em uníssono e comunica entre si. “Desenvolvemos os primeiros modems subaquáticos cantantes de forma a que os Quadroins possam enviar e receber sinais semelhantes aos dos golfinhos“, explicou Bannasch. As equipas de desenvolvimento dos equipamentos pretendem ainda usar inteligência artificial (IA) para incentivar um comportamento de grupo, mas também tomadas de decisão conjuntas. Com um preço estimado de 80 mil euros, os Quadrions podem também ser usados para expedições ambientais, já que conseguem chegar onde outros veículos podem — por exemplo, submersos por gelo. A esperança dos seus investigadores é que os aparelhos possam ser usados em estudos marinhos remotos, possibilitando a realização destes por parte de universidades, institutos de pesquisa oceanográficos que não disponham de grandes orçamentos. Os remoinhos podem ser caracterizados como pequenas correntes marítimas que outros métodos de pesquisa usados até agora têm tido dificuldade em capturar. Proporcional a esta dificuldade é a influência dos remoinhos oceânicos, nomeadamente em todas as vezes que inspiramos ar — apesar de não nos apercebermos. É que os remoinhos influenciam toda a vida marítima, mas também o clima na superfície terrestre, já que são responsáveis por cerca de 50% da produção de fitoplâncton. A base da cadeia alimentar marítima, o fitoplâncton e outras plantas marinhas, como as algas, também produzem cerca de 70% do oxigénio que respiramos. “Uma em cada quatro respirações que cada indivíduo faz depende daqueles pequenos remoinhos oceânicos”, explica Baschek. Apesar da sua importância, estes elementos são ainda desconhecidos da comunidade científica, por serem pequenos e terem uma vida curta — o que, em conjunto, constitui uma dificuldade para os investigadores que os querem estudar. Baschek, investigador responsável pelo Quadron, começou por desenvolver um sistema com 20 sensores ligados a corda que eram rebocados por navios, como forma de medir variáveis oceonográficas muito importantes para o estudo dos remoinhos — como é o caso da temperatura da água, salinidade, pressão, clorofila e oxigénio. No entanto, a corda acabava frequentemente presa nas rochas, redes de pesca ou contentores, o que acabava por deitar ao mar todo o seu trabalho de recolha de dados. ZAP //
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