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Mudança climática já ameaça portos brasileiros, diz estudo Os portos brasileiros já sentem efeitos das mudanças climáticas e as perspectivas são de que as ameaças se agravem nos próximos anos, com impactos que podem gerar riscos para a operação e para a economia do país. A conclusão é de estudo feito pela Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) em parceria com a GIZ, braço da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, com o objetivo de identificar os riscos e apontar medidas mitigadoras. Segundo o estudo, a principal ameaça está no risco de vendavais, que já afeta sete portos – entre eles o de Santos, o maior do país – e pode se tornar um problema futuro para outras nove instalações na costa brasileira. O risco de tempestades já afeta nove portos, mas não há previsão de mudanças significativas no longo prazo. Em 11 dos 21 portos pesquisados, a estimativa é que a elevação do nível dos oceanos gere riscos altos ou muito altos a partir de 2030. Logcomex "Os impactos nas operações portuárias em função da mudança do clima já são uma realidade no Brasil, e, mantidas as condições atuais, há uma tendência de piora neste cenário", afirma o texto, divulgado na segunda-feira (22) pela Antaq. "A partir desse relevante diagnóstico, faz-se necessário uma concertação de ações entre governos, autoridades portuárias e agência reguladora para mitigar os impactos da mudança do clima nos portos brasileiros", completa. Vendavais, tempestades e ressacas "Além disso, esses impactos, em conjunto, acarretam aumento dos custos dos complexos marítimos e afetam ainda a durabilidade e resistência das instalações e das infraestruturas portuárias frente às condições climatológicas adversas", diz. Os portos considerados com risco alto ou muito alto de ocorrência de vendavais são Imbituba (SC), Santos (SP), Recife (PE), Rio Grande (RS), Salvador (BA), Paranaguá (PR) e Itaguaí (RJ). A projeção do estudo é que, em 2050, 16 portos públicos brasileiros estejam nessas condições. Nas projeções para 2050, 5 portos foram classificados com risco muito alto de vendavais e outros 11, com risco alto. Natal, Salvador e Suape (PE) são os que apresentam maior variação no nível de risco nesse período. "Nesses casos em que o risco aumenta consideravelmente, é necessária uma atenção por parte da administração portuária, a fim de evitar possíveis prejuízos no futuro decorrentes da falta de investimento em medidas de adaptação", diz o estudo. Em relação à ocorrência de tempestades, o estudo indica que não há mudança brusca no número de portos sob ameaça. Hoje, têm risco alto ou muito alto os portos de Rio Grande (RS), Aratu-Candeias (BA) e Cabedelo (PB), os únicos que manterão essas condições nas projeções para 2050. Outros seis portos, incluindo Santos, foram classificados como risco médio de tempestades atualmente. A lista sobe para sete em 2050. Considerando a elevação do nível do mar, 11 portos terão, em 2030, risco classificado como alto ou muito alto: Aratu (BA), Paranaguá (PR), Rio Grande (RS), Santos (SP), São Francisco do Sul (SC), Cabedelo (PB), Fortaleza (CE), Imbituba (SC), Itaguaí (RJ), Recife (PE) e São Sebastião (SP). O estudo avaliou, ainda, a adoção de medidas de adaptação pelos operadores dos portos públicos. Em geral, detectou pouco interesse por medidas de gestão e quase nenhuma iniciativa estrutural – apenas um porto respondeu que trabalhava em mudança estrutural. Entre 13 medidas de gestão do questionário do estudo, apenas três eram adotadas por mais de 20% dos portos: realização de reuniões para discutir a adaptação, abordagem da mudança do clima no plano estratégico e implementação de um monitoramento meteorológico. "A adoção de medidas de adaptação como resposta a mudança do clima pelos portos públicos da costa brasileira ainda é incipiente e carece de maior adesão", diz o estudo, que alerta para a "necessidade imediata da adoção de medidas de adaptação por parte do setor portuário".
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