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POR RICARDO FALCÃO

Navios autónomos, uma jogada de marketing

Carros e aviões autónomos existem e não viraram uma realidade no trânsito e nos aeroportos. Navios com sistemas automatizados de controle de navegação e máquinas começam a ser testados na Noruega e no Japão, mas seriam eles o futuro da marinha mercante? O assunto é pra lá de complexo e envolve diversas questões relevantes dos pontos de vista econômico, jurídico, da soberania e, principalmente, da segurança da navegação.

Como vice-presidente da Associação Internacional de Práticos Marítimos (IMPA), acompanho há anos essa discussão no Comitê de Segurança Marítima da Organização Marítima Internacional (IMO). É o fórum mundial no qual o debate é travado entre os países; e de onde, porventura, virão as regulações a respeito. Vejo empolgados com o tema países fabricantes de equipamentos para essas embarcações, como a própria Noruega e a Finlândia. No entanto, a indústria marítima não enxerga esse horizonte tão próximo.

Navios controlados por inteligência artificial exigem um nível de sofisticação de hardware e software cujo custo de manutenção ainda é infinitamente maior do que manter uma tripulação a bordo. Não são economicamente viáveis e não se justificam dentro das margens de erro que o setor opera. Reduzir os acidentes causados por falha humana é uma solução para um falso problema, já que a indústria trabalha com invejáveis 99,998% de eficiência.

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