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Opinião | ||
Os rios Ceará e Cocó e um oceano sem plástico É verdade que o plástico é pop, é uma parte indispensável da nossa vida moderna. Pegou, porque é versátil, durável e custa muito pouco para ser produzido. Geramos cerca de 460 milhões de toneladas dele por ano e, neste ritmo, triplicaremos esse número nas próximas décadas. Enfim, uma ida ao supermercado nos dá uma boa ideia de sua utilidade e nos fará entender por que a humanidade, procurando limitar o aquecimento global a 1,5°C, a tal meta do Acordo de Paris, já estima que ele representará 15% do total de emissões de gases de efeito estufa permitidas até 2050. Mas o uso e expansão da utilização do plástico também carrega um outro grande problema. Trocando em miúdos, a poluição por plástico é uma grande ameaça aos ecossistemas, ao clima e ao bem-estar humano. Globalmente, 46% dos resíduos plásticos são depositados em aterros, 22% são mal geridos e transformam-se em lixo, 17% são incinerados e 15% são coletados para reciclagem, com menos de 9% realmente reciclados. Por isso, mais de 14 milhões de toneladas de plástico entram e danificam os ecossistemas aquáticos anualmente, afetando sobretudo a vida marinha. Ainda que um tratado global para o Plástico esteja a caminho, incluindo uma série de disposições técnicas, como promover a produção e o consumo sustentáveis de plásticos, desde o design do produto até a gestão ambientalmente correta de resíduos, por meio da eficiência de recursos e abordagens de economia circular seguras e justas, não há como lidar com esse problema sem engajar a sociedade e o poder público local. No Brasil, mais de três milhões de toneladas de resíduos sólidos vão parar nos rios e mares todos os anos, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – Abralpe. Falando do tamanho do desafio para o Ceará, trago os números do Ocean CleanUp, que conduz um estudo bem didático sobre o papel dos rios para a poluição do Oceano por plásticos. Mil rios respondem por cerca de 80% dessa conta. Desses 1000, quase 70 estão no Brasil e, destes, 2 estão na região metropolitana de Fortaleza. Segundo os dados do estudo, os rios Ceará e Coco, juntos, despejam quase 1 milhão de toneladas de plástico por ano no Atlântico. Resolver esse problema não é tarefa apenas do poder público. É preciso engajar toda a cadeia de consumo, envolvendo fabricantes, comerciantes e consumidores que usam embalagens plásticas, mas também recicladores. O Estado que é líder em energias renováveis no Brasil também pode ser exemplo e agir para retirar esses dois rios do Top 1000 global da contaminação marinha por plásticos.
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