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Levantamento exclusivo da Norsul conclui que navios emitem 1/6 dos gases produzidos por caminhões No evento que reuniu 500 expositores nacionais e internacionais, a Intermodal South America chegou ao fim com uma agenda desafiadora para curto e médio prazos. As palavras “eficiência” e “sustentabilidade” pautaram boa parte dos encontros nos pavilhões da São Paulo Expo. Na visão de especialistas, isso demonstra o foco do segmento na busca por soluções de transporte e logística que menos impactem o ambiente. É o caso da navegação via cabotagem, que sempre se mostrou uma alternativa mais sustentável ao transporte rodoviário de cargas. No seu stand, a Norsul apresentou a maquete de um de seus navios, o multipropósito Pio Grande, usado no transporte de bobinas de aço entre os portos de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, e Vitória, no Espírito Santo. A embarcação é capaz de substituir a função de cerca de 715 caminhões, com emissões significativamente menores de gás carbônico durante os percursos de ida e volta. Com base no critério “gramas de CO2 por toneladas/km rodado”, um levantamento exclusivo realizado por executivos da companhia mostra que, ao comparar os lançamentos feitos pelo Pio Grande e pelas carretas necessárias para transportar as 30 mil toneladas (capacidade da embarcação), as emissões de CO2 pelo transporte rodoviário são 6,23 maiores. Os caminhões lançariam 2.222 toneladas de gás na atmosfera — 1.865 toneladas a mais do que as emissões do multipropósito, considerando a mesma carga e o mesmo trajeto. No evento, o diretor comercial da Norsul, Fabiano Lorenzi, destacou o vanguardismo do fundador da companhia, Erling Lorentzen, que nos anos 1960 já se preocupava com a agenda ESG e viu na cabotagem uma modalidade de transporte mais limpa, segura e sustentável. Ele ainda compartilhou sua visão sobre as tendências do setor para este ano: “Somos uma companhia que movimenta cargas que estão no miolo da indústria, então temos uma posição privilegiada para entender o que está acontecendo no mercado, analisar e responder com agilidade, para poder dar suporte aos nossos clientes em seu crescimento. Atualmente, vemos um aquecimento do mercado, de vários parceiros querendo jogar o jogo da logística. Logística tem muito a ver com eficiência, tecnologia, melhorar o processo, e a Intermodal é uma feira que propicia que todos os jogadores possam entender quais são as suas opções e oportunidades para serem melhores e mais eficientes”. Norsul participa em painel com diretor da ABAC e debate sobre o uso da cabotagem, um modal mais eficiente e sustentável No primeiro dia na Arena Intermodal, Fabiano Lorenzi debateu com o diretor executivo da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (ABAC), Luis Fernando Resano, sobre o desenvolvimento da cabotagem no país e os altos custos portuários, baixo número de portos na costa, dificuldade de conexão com outros modais, entre outros entraves. Para além dos desafios, os executivos lembraram que a modalidade é menos poluidora do que o transporte rodoviário e é um mercado com potencial enorme de crescimento. “Se formos comparar o volume do transporte de cargas Brasil afora, 65% são transportados via rodoviário e apenas 11% via cabotagem, um dado confirmado pelo próprio BNDES. Então, temos aí dois desafios: oferta e trabalhar para ser menos um serviço de transporte e mais uma solução logística para as empresas, com entrega porto-a-porto e cada vez mais personalizada de acordo com as necessidades do cliente”, afirma Lorenzi. A cabotagem transporta um total de 180 milhões de toneladas anualmente, sendo 130 milhões de petróleo e os demais contêineres, granéis e neogranéis — insumos ou produtos para indústrias. Os executivos discutiram também o uso de combustíveis alternativos na navegação, como LNG, metanol, etanol e amônia, além dos desafios para adoção da tecnologia verde no Brasil. “Hoje, 50% dos navios pedidos para estaleiros têm combustível verde como alternativa. Então, essa preocupação já existe e a frota está sendo renovada, mas é um processo lento”, comenta o diretor da Norsul. Resano explica que a necessidade do uso destes combustíveis faz parte da construção dos “navios do futuro”. “Precisamos construir hoje um navio que precisará estar apto às exigências regulatórias de 2050, considerando 25 anos a expectativa de vida média de uma embarcação”.
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