BOTWANA CLASSIFICADO COM «A» Só metade dos países africanos tem rating
Dos 47 Estados da África subsariana, apenas 20 têm rating. Angola e África do Sul são os únicos acompanhados pelas três grandes agências e só num país da região dizem ser seguro investir.
O INVESTIMENTO em África continua a ser um negócio arriscado. Apesar da aposta crescente dos investidores estrangeiros nos últimos anos, o risco de investimento no continente continua a ser visto pelos mercados como especulativo (ou muito especulativo em alguns casos), não estando sempre o retorno assegurado.
O recurso às três grandes agências de rating mundiais (Standard&Poors, Moody s e Fitch) tem sido gradual, nos últimos anos, pois a sua avaliação é determinante para atrair novos investidores, mas também para baixar os custos de financiamento externos dos Estados.
Ratings longe de África
Actualmente, dos 47 países que constituem a África subsariana, apenas 20 são avaliados por uma das grandes agências de rating. A Fitch é a que tem maior presença e acompanha 15 destes 20 Estados, seguido da S&P, líder mundial do sector, com 14. Apenas Angola e a África do Sul têm ratings da S&P, s três.
No quadro africano, as agências consideram que o investimento na África subsariana é bastante especulativo e com riscos. A grande maioria dos países está, aliás, no nível que estas instituições consideram existir uma situação financeira altamente volátil - nível B (ver quadro). A justificação decorre do facto de a grande maioria destas economias estar dependente de uma ou duas matérias - petróleo ou minerais , por exemplo -, o que as expõe às oscilações dos preços desses produtos nos mercados internacionais.
Na região subsariana, o Estado mais cumpridor é o Botswana - o único investimento considerado seguro -, enquanto Benin e Gana apresentam os maiores riscos. Angola e Moçambique são, ainda assim, os países onde os ratings são mais elevados face aos seus parceiros africanos (só atrás da África do Sul e Botswana) e estão apenas a um nível de Portugal.
Um dos aspectos que sobressai face, por exemplo, ao que sucede na Europa, é que a maioria dos ratings em África ou vai subir ou permanecer inalterada, um sinal de estabilidade.
Ainda que fora do escalão de investimento seguro por parte das agências de rating, um estudo recente do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostrou que os juros cobrados aos países emergentes têm vindo a cair nos últimos anos.reduzindo a diferença nos spreads entre as categorias de investimento e especulativo.
Dívida substitui ratings
Ainda assim a diferença é grande. O mesmo relatório, que estudou 35 economias emergentes entre 1997 e 2010, refere que os juros dos países com a classificação de investimento são 36% inferiores aos que detém a classificação de especulativo.
Outra das conclusões do estudo do Fundo Monetário Internacional foi que, apesar de as condições financeiras terem um «papel central» na determinação dos ratings dos países, uma pequena dívida pública externa aumenta a confiança do mercado, sobretudo para os países que têm ratings mais baixos.
Botswana, o único A africano
Em África, não há nenhum país que tenha um currículo financeiro como o do Botswana. Apesar de Angola, Moçambique ou África do Sul monopolizarem a atenção em termos de investimento estrangeiro no continente, para os investidores o Botswana é o país onde é menos arriscado investir. Aliás, é o único que detém um rating da categoria A, uma classificação que assegura que o governo tem forte capacidade de pagar as suas dívidas. O Botswana é também o único Estado africano cujo investimento não é considerado especulativo pelas agências de rating S£P e Moody s. O sucesso justifica-se pelos números da economia: crescimento anual médio de 9% nos últimos 30 anos, superávite orçamental do Estado e o mercado menos corrupto em África, segundo a Transparência Internacional. O nível de vida no Botswana equipara-se hoje ao do México ou Turquia.
Luís Gonçalves, Sol
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