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Luís Tadeu lança repto para a criação de Auto-Estradas do Mar entre países lusófonos

O Hotel Cascais Miragem (Portugal) está a ser palco da Conferência Internacional “O Mar, o Transporte Marítimo, os Portos e o Desenvolvimento das Economias”, numa organização conjunta entre a Logistel e a SaeR – Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco. O evento, que decorre entre segunda e quarta-feira, contou com inúmeros oradores nacionais e internacionais que abordaram os mais variados temas ligados às atividades do Mar, ao transporte marítimo e aos portos da Europa, da África, da América, especialmente de países de língua portuguesa.

Nesta terça-feira teve lugar um dois painéis mais interessantes do evento, subordinado ao tema “As Auto-estradas do Mar e o Desenvolvimento dos Transportes”, que contou com a apresentação do professor Luís Tadeu, docente do IST e presidente da FORDESI em Portugal. Profundo conhecedor do setor e deste tema em particular, Luís Tadeu começou a sua intervenção com uma breve análise geral ao que se tem passado no setor marítimo-portuário internacional nos últimos anos. “A globalização tem introduzido transformações significativas na organização das cadeias de abastecimento globais – começou por referir o professor –, com os pólos de produção e de consumo cada vez mais distantes entre si, o que levou a um crescimento significativo do tráfego marítimo mundial, em particular do tráfego contentorizado que tem registado taxas de crescimento anuais de 10%”. Nesta matéria, o destaque vai para as rotas Extremo Oriente/América do Norte, Ásia/Europa e até mesmo América do Norte/Extremo Oriente, com taxas de crescimento particularmente elevadas. Ao crescimento do fluxo nessas rotas junta-se o crescimento na dimensão dos navios, o que leva a que os portos tenham que estar preparados para os poder receber: "Portos fazem cada vez mais parte de cadeias de transporte porta-a-porta e têm que estar preparados para pertencer a essa mesma cadeia, acrescentando-lhe valor”.

E, de acordo com Luís Tadeu, os carregadores acabam por ser os players que mais beneficiam desta nova conjuntura. “Os carregadores estão numa posição muito cómoda porque têm cada vez mais oferta à sua disposição. A escolha da solução mais interessante é feita do ponto de vista do valor e não necessariamente a solução mais barata”, refere.

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Analisado o panorama atual, Luís Tadeu centrou-se então no tema essencial do tópico, as Auto-estradas do Mar, desenvolvendo o conceito e os seus principais impulsionadores, com destaque claro para a Comissão Europeia (CE). “A Comissão Europeia pensou no conceito das Auto-estradas do Mar como uma solução para retirar tráfego da rodovia”, lembrou o orador. “Porém – acrescenta –, a introdução deste conceito não foi fácil e o que aconteceu foi que, apesar de todos os esforços da CE, a maior parte do tráfego continua a ser absorvida pela rodovia”.

“Para que se consiga implementar as Auto-estradas do Mar tem que haver uma info-estrutura que desempenhe um papel diferenciador essencial e que permita ligar todos os ‘stakeholders’ da rede”, vinca Luís Tadeu, antes de lançar um desafio para a vasta audiência, maioritariamente composta por players do setor marítimo-portuário de países de língua portuguesa: “Este conceito está a ser desenvolvido na Europa mas faz sentido que seja equacionado nas relações comerciais intercontinentais, em especial nas relações entre os países de língua portuguesa e em particular no triângulo Portugal-Brasil-Angola, com Cabo Verde a desempenhar um papel importante pela sua centralidade geográfica".

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