POLÉMICAS EM TORNO DA CINEMÁTICA DOS MAPAS NORTE para cima? NORTE para baixo?
"Mapas são representações/descrições do espaço. Portanto, representações não são absolutas! Dependem de onde se está observando o espaço (do ponto de vista da cinemática), assim como do contexto sócio-cultural de quem está fazendo a descrição!" - defende Sérgio Lima.
O conceito mais importante aqui é que numa Terra quase esférica, o “em cima” e o “em baixo” dependem do observador! Portanto, a escolha do Norte Geográfico para cima ou do Sul Geográfico para cima num mapa é relativa. Não faz muito sentido, cinematicamente falando, se adoptar uma convenção, qualquer que seja ela.
Ademais, para todos os efeitos práticos, na hora de se utilizar um mapa você deverá ajustar o Sul (ou norte, ou leste ou oeste) do mapa com o Sul (ou norte, ou leste ou oeste) geográfico local, que deve ser determinado astronomicamente ou aproximadamente por meio de uma bússola magnética.
A ideia eurocentrista da Europa no Centro e na parte superior dos mapas não passa de uma visão do colonizador. Como os primeiros professores no Brasil foram os padres jesuítas, ele ensinaram a visão européia do mundo. E como essa visão vem sendo ensinada (acriticamente) ao longo dos anos, muita gente (inclusive professores!) acredita que o Norte Geográfico é absolutamente pra cima.
Como as imagens de satélites são processadas e disponibilizadas por estadunidenses e europeus, a representação da Terra que se veicula é sempre aquela de observadores no Hemisfério Norte, reforçando novamente a idéia falsa de que o Norte Geográfico está orientando absolutamente para cima!
O grande geógrafo brasileiro Milton Santos está corretíssimo ao enunciar a frase que abre este texto:
“pensar o mundo não é mais um privilégio europeu e a reelaboração do mapa do planeta é uma forma de libertação do colonialismo”.
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