Economista aconselha SADC a seguir modelo da UE
O economista angolano Carlos Rosado de Carvalho sugeriu esta sexta-feira, em Luanda, que a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) imite o modelo de funcionamento da União Europeia, para uma maior e melhor integração regional e por ser uma experiência de sucesso efectivo.
Em entrevista à Angop por ocasião do 25 de Maio (dia do continente africano), o também jornalista disse que a Europa e, em particular, a União Europeia, é hoje o principal bloco económico mundial com uma história de sucesso, que ganhou relevância em 1958 com a criação da antiga Comunidade Económica Europeia (CEE).
Explicou que antes da CEE existiu a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço e que os europeus começaram a integração regional por medo da guerra, para que o fortalecimento das relações de natureza económica pudesse evitar que a Europa entrasse noutra espiral de guerra entre os países.
E isso, prosseguiu, foi feito através do comércio e da plena integração regional.
Carlos Rosado adiantou que depois da integração económica, para as coisas funcionarem, deve haver maior integração de natureza política, o que está de facto em causa e a ser discutido. De resto, considerou, é uma experiência de sucesso que “nós SADC devíamos copiar e espero que o façamos”.
Contudo, salientou ser necessário que se faça primeiramente um trabalho de casa sério, tendo em atenção que o futuro da África Austral passa por uma maior integração regional, maior comércio e conhecimento entre os Estados, como forma também de se resistir a choques externos.
“A experiência da União Europeia para a região austral do continente africano para mim é boa de se adaptar. Nós ultimamente estamos a ouvir falar da Europa com algum cepticismo, por causa da crise económica e financeira que atravessou recentemente, mas a verdade é que a história da integração regional europeia é de sucesso” - reiterou.
De acordo com o economista, o funcionamento das próprias organizações é outra experiência importante que deve ser imitada assim como a forma de organização. Assim, exemplificou, a UE tem um Conselho Europeu, uma Comissão Europeia que é uma espécie de Governo e um Parlamento Europeu.
“A SADC tem órgãos mais ou menos semelhantes, só que as coisas infelizmente não funcionam muitas vezes por causa da questão do financiamento. A União Europeia funciona com recursos próprios. Os estados membros dão contribuições, à partida definidas e não dependem de doações” - sublinhou.
No caso da SADC, continuou, as contribuições estão de facto definidas, havendo no entanto estados que se atrasam no pagamento, o que inviabiliza o funcionamento efectivo da organização, onde cada quer fazer a sua parte isoladamente.
Neste contexto, o economista apelou a maior unidade e colectivismo, partilha de decisões e a disponibilidade de alguns estados em abdicarem-se de certas soberanias.
“Nós na SADC temos um orçamento miserável de 35 milhões de dólares que é parte da contribuição dos estados membros. A maior parte do nosso orçamento é de doações internacionais e uma organização que se pretende integradora dos diferentes estados regionais não pode viver de esmolas de outros países” - ironizou.
Assim, para o auto sustento da organização sugeriu mais reflexão e a execução do que já está previsto, designadamente a criação da zona de comércio livre e, mais tarde, o estabelecimento de uma união aduaneira tendo em vista que a zona de livre comércio consiste em se abolir as fronteiras em termos de comércio.
O "continente negro" celebrou sexta-feira, 25 de Maio, 49 anos desde a sua criação, em Addis Abeba (Etiópia).
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