Economia angolana cresce 9,1% este ano e 8,8% em 2013
A economia angolana deverá crescer 9,1% este ano e 8,8% em 2013, segundo as estimativas do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola, num relatório a divulgar esta terça-feira.
No "Relatório Económico de Angola", o CEIC, que cumpre agora dez anos, considera que o ano em curso "dirá se a retoma do crescimento económico em Angola se fará com a mesma intensidade da verificada durante a 'mini-idade de ouro'", que decorreu entre 2004 e 2008, quando a taxa média anual de crescimento do PIB foi de 17%, "a maior de África e uma das maiores do mundo".
"Não estará a economia angolana a entrar num período de crescimento menos intenso, ainda que bastante positivo?", questiona o CEIC, num resumo do relatório, a que a Lusa teve acesso.
As perspetivas do CEIC para o crescimento do PIB de Angola em 2012 - de 9,1% - são mais otimistas do que as do Banco Mundial (8,1%) e do Banco Africano para o Desenvolvimento (BAD - 8,2%) e mais pessimistas do que as do governo de Luanda (9,8%) e do Fundo Monetário Internacional (FMI - 9,7%).
Já as perspetivas para 2013, de 8,8%, são melhores do que as do FMI (6,8%) e do BAD, de 7,1%. Para 2014, o CEIC prevê um crescimento económico de 7,5% do PIB.
A previsão do abrandamento do crescimento económico em 2013 e 2014 tem em conta "o risco de a economia mundial poder entrar novamente em recessão", explica o resumo do relatório, citando "algumas agências e economistas de referência", que temem que "a crise das dívidas soberanas na Europa possa desencadear efeitos sistémicos semelhantes às turbulências verificadas em 2008 e 2009".
Numa análise setorial da economia angolana, o CEIC prevê que a agricultura seja o setor que mais cresce em 2012, com um aumento de 13,2%, o que poderá ser consequência da implementação de projetos agrícolas e da concretização de medidas de apoio à iniciativa privada anunciadas pelo Governo.
Por outro lado, admite o CEIC, "a entrada em funcionamento dos grandes empreendimentos no domínio do gás e dos derivados do petróleo ajudará a diversificar a indústria transformadora", enquanto o investimento público em obras públicas e a construção civil "continuarão a desempenhar um papel positivo na estratégia de crescimento do país".
O relatório destaca ainda que, "pela primeira vez desde que o objetivo de redução da inflação foi eleito como um dos principais da política económica do Governo, o valor do índice de preços no consumidor se situou abaixo da meta".
Ainda assim, "permanece o desafio de situá-la em um dígito", embora a meta oficial para 2012 tenha sido estabelecida ainda em 10%.
O relatório dedica um capítulo à diversificação da economia, que está a ser estudada por uma equipa conjunta do CEIC e do Christian Michelsen Institute de Bergen (Noruega).
Nas palavras do diretor do CEIC, o professor universitário Manuel José Alves da Rocha, os indicadores "apontam para um baixo grau de diversificação", o que significa que "a economia ainda está muito concentrada, tanto em termos setoriais como territoriais".
Mas o especialista sublinhou que a diversificação da economia "é um processo muito longo", que pode demorar 20, 30 ou 40 anos a concretizar-se.
"Não podemos esperar que as transformações estruturais aconteçam da noite para o dia", disse, referindo que os instrumentos que estão a ser utilizados já foram experimentados noutros países e "são medidas acolhidas pela ciência económica".
O "Relatório Económico de Angola" será divulgado na terça-feira em Luanda, numa conferência comemorativa dos 10 anos do CEIC, sob o tema "crescimento económico e crise na última década".
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