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HIGH-FREQUENCY TRADING

Algoritmos «assaltam» mercados de commodities

A matemática, os computadores e os génios dos "algos" (diminutivo de algoritmos) estão a condenar à extinção os correctores de suspensórios e os investidores tradicionais. Estes "algos", estudando dados e estatísticas, dão ordens de compra e venda aos mercados em milésimas de segundo e provocam oscilações violentas mesmo antes do olhar humano mais sagaz as conseguir identificar. E aumentaram o risco sistémico nos mercados financeiros.

A negociação eletrónica de alta frequência nos mercados financeiros, conhecida pelo seu acrónimo em inglês HFT (high-frequency trading), já chegou aos mercados de commodities, alerta um relatório da United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD), da autoria de Nicolas Maystre, que vai ser publicado em breve em Genebra.

O estudo refere que, desde o pico da crise financeira de 2008, que os mercados de futuros das commodities descolaram cada vez mais dos factores fundamentais ligados às leis da procura e da oferta das matérias-primas e que o que é comummente designado por especulação tem um papel cada vez maior. No entanto, a financeirização dos mercados de matérias-primas deriva cada vez menos da acção dos protagonistas tradicionais do investimento especulativo. Estamos a assistir à entrada progressiva dos "algos", diminutivo de algoritmos, nas negociações diárias nestes mercados.

O relatório da UNCTAD examinou em detalhe os contratos para a variedade do crude WTI norte-americana no NYMEX, bem como do açúcar, do trigo, do milho, do gado vivo e de rebentos de soja, e os movimentos de preço ao milésimo do segundo, conhecidos por ticks entre 1996 e 2011. O peso dos "algos" afirma-se e isso vai significar, sublinha o relatório, que estes mercados vão estar cada vez mais sensíveis a efeitos desestabilizadores externos. O seu risco sistémico aumentou e, por isso, bolhas e derrocadas poderão ser mais regulares.

Parece ficção científica


Os mercados financeiros estão, na realidade, a ser dominados pela ficção científica. Não por seres verdes vindos de outras galáxias através de algum portal do tempo, mas pelos "algos". Estes "algos", estudando dados e estatísticas, dão ordens de compra e venda aos mercados em milésimas de segundo - sim, leu bem, em fracções pequeníssimas do segundo. Provocam oscilações violentas mesmo antes do olhar humano mais sagaz - o de um mestre de xadrez - as conseguir identificar. E fazem dinheiro nessa arbitragem invisível ao olhar humano.

A matemática substitui, em ritmo acelerado, os corretores gesticulando, em momentos de euforia ou de pânico, apanhados pelos fotógrafos, dando azo à sua "alma animal", como alcunhava Keynes. Um dia destes tais cenas humanizadas dos booms e das derrocadas financeiras só mesmo em películas da memória do cinema.

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