POR LUÍS SOUSA VI Congresso da APLOP - Bloco de Notas (3)
A moderar o segundo Painel do VI Congresso da APLOP intitulado “Mercado do Turismo de Cruzeiros na Rota África-Brasil-Europa: Novas Oportunidades para os Portos da CPLP”, esteve Fernando Santos, Diretor da GlobalSea Travel.
Nas suas palavras introdutórias o moderador começou por assinalar o atual período de forte crescimento do turismo de cruzeiros a nível mundial, face aos benefícios que proporciona aos clientes e ao aumento da frota de navios existente para este fim. Por este motivo existe presentemente uma janela de oportunidade para os países da APLOP darem a conhecer os seus destinos turísticos, as suas cidades e criarem sinergias para o desenvolvimento deste mercado tão importante.
António Belmar da Costa, Diretor Executivo da AGEPOR (Portugal), foi o primeiro palestrante deste segundo painel, com uma comunicação subordinada ao tema "Turismo de Cruzeiros em Portugal: Um negócio em expansão".
Transporte marítimo, viagens, turismo e prazer foi a associação de palavras utilizada por Belmar da Costa para iniciar a sua apresentação, constatando de seguida que o setor é também um negócio que tem vindo a desenvolver-se sustentadamente em Portugal. As previsões até 2015 apontam para um crescimento de cerca de 7,4% no que diz respeito a escalas, sendo que o número de passageiros deverá aumentar a um ritmo ainda mais forte, face à tendência para a utilização de navios dimensões cada vez maiores.
Lisboa posicionou-se neste mercado através de um trabalho conjunto de promoção entre a Associação Internacional das Comunicações de Expressão Portuguesa, Associação de Turismo de Lisboa, Administração do Porto de Lisboa e a Associação de Agentes de Navegação de Portugal, com o objetivo promover Lisboa como destino privilegiado para escala de navios de cruzeiro.
Instrumentos de promoção como presença em feiras, publicidade em revistas especializadas e organização de workshops, permitiram a criação de uma marca para potenciação de todas as vantagens que Lisboa apresenta neste mercado. O alargamento deste esforço de promoção aos restantes portos nacionais começa a tornar claro um crescimento substancial no negócio em Portugal.
No entanto o país tem potencial para um crescimento ainda maior face à procura que se regista em outros países europeus. Isto implica uma preparação das infraestruturas tendo em atenção as novas variáveis da indústria, principalmente no que diz respeito à utilização de navios cada vez maiores que permitem praticar preços mais baixos, tornando-os acessíveis a mais e diferenciados clientes.
Estes novos navios implicam novos desafios, uma vez que necessitam de equipamentos apropriados ao fluxo alargado de passageiros e tripulantes, que tem de ser devidamente encaminhados para os locais de interesse com toda a logística inerente a ser observada. Por outro lado constituem uma oportunidade para os Portos com infraestruturas mais pequenas virem a receber os navios de menor porte, que apesar disso são ainda bastante interessantes do ponto de vista do negócio.
Realce ainda para a possibilidade da promoção dos produtos portugueses que o turismo de cruzeiro proporciona disponibilizando-os aos seus clientes, fator onde as políticas de cooperação com outros países poderão ter um papel multiplicador de grande importância.
Valdemiro Tolentino, Administrador da ENAPOR – Portos de Cabo Verde, levou a cabo a apresentação o "Porto Grande do Mindelo e o Negócio do Turismo de Cruzeiro", começando por constatar que face à inexistência no seu país de um operador especializado neste negócio, a ENARPOR tem vindo a estimular os agentes económicos a nível nacional, para este “indústria”.
O potencial interno é de monta em consequência da situação geográfica privilegiada no Atlântico médio, o que torna Cabo Verde um ponto de passagem para os cruzeiros com destino à América e África. Neste momento o turismo é um dos setores mais importantes na economia do país que apresenta um clima opimo, segurança e a diversidade paisagística e cultural de cada ilha do arquipélago.
A ENAPOR continua a promover a sua oferta neste mercado com base na presença em revistas da especialidade e participações em feiras, estimulando a participação dos agentes económicos nas mesmas. Foi também criada a associação Comunidade Cabo Verdiana de Cruzeiros que integra as várias instituições públicas e privadas com interesse no setor.
No futuro espera-se agregar mais países da região em torno de um cluster de turismo marítimo de forma a criar sinergias no sentido de diversificar a oferta por escala na costa africana.
Com o objetivo de superar os constrangimentos em termos de infraestruturas, existe um projeto de criação de um terminal de passageiros no país, que possibilitará um crescimento substancial no número de escalas, para o qual a ENARPOR pretende chamar o investimento privado dado o reduzido investimento público de que poderá dispor.
O "Mercado do Turismo de Cruzeiros - Caso de Fortaleza" constitui o tema da terceira e última comunicação deste segundo painel do congresso, a cargo de Paulo André Holanda, Presidente da Companhia Docas do Ceará (CDC), Brasil.
Paulo Holanda deixou bem clara a importância do Campeonato do Mundo de Futebol de 2014 a ser realizado no Brasil, como drive para a reestruturação da oferta de infraestruturas para o mercado do turismo marítimo.
O Governo brasileiro tem vindo a alocar uma investimento substancial aos terminais de passageiros visando suprir a alargada procura que se espera por altura da Copa de 2014, legando ao futuro as infraestruturas criadas, nomeadamente nos Portos do Rio de Janeiro e de Santos que são os principais portos de turismo do brasil.
Nestes serão construídos modernos terminais especializados tendo em atenção não só o evento de 2014 mas também a crescente procura do Brasil pelo turismo de cruzeiro das novas rotas vindas do Caribe e da Europa, conjugada com o aumento dos clientes internos dada a estabilização da economia do país.
Paulo Holanda deu ainda destaque ao centro de formação de Fortaleza, inaugurado em 2010, com o objetivo de proporcionar qualificação profissional à população circundante, de forma a poderem ocupar os postos de trabalho que as atividades portuárias têm vindo a criar, dando corpo à responsabilidade social do mesmo.
A encerrar o painel, o moderador Fernando Santos realçou o fato de as apresentações terem abrangido três continentes diferentes, com a língua portuguesa a constituir fator de união, que poderá lançar os países na conquista de metas comuns.
Em Portugal, um país que atravessa um período de dificuldades económicas, o setor está em franco crescimento, pelo que é necessário continuar a criar condições para se impor no mercado.
Em cabo verde essas condições estão a ser criadas, tendo em conta a posição privilegiada que o país dispõe na Macaronésia para a ligação da costa ocidental de áfrica a outros destinos.
Destaque ainda para a visão de futuro que o Brasil desenvolveu de forma a aproveitar a Copa do Mundo de 2014 como rampa de lançamento para desenvolver todo o seu turismo em geral e o marítimo em particular.
POR LUÍS SOUSA
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