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2012

China e lusófonos no comércio

O ANO de 2012 saldou-se por um aumento do comércio e do investimento entre a China e os países de língua portuguesa, envolvendo grandes empresas do conjunto de países, que tiveram em Lisboa um epicentro de negócios.

O início do ano foi marcado pelo investimento da China no sector energético em Portugal, com a aquisição de 21 por cento da EDP pela China Three Gorges (CTG), seguida da entrada na Redes Energéticas Nacionais (REN) pela State Grid Corporation of China (SGCC).

“A aquisição da CTG”, comentou o analista Paulo Gorjão, “marca o ponto de partida de um tipo de investimento estratégico chinês em Portugal”, em que uma empresa estatal investe “num sector estratégico da economia portuguesa”, mostrando a “confiança mútua entre governos”.

O interesse das empresas chinesas em Portugal deve-se em grande parte aos laços das portuguesas com o Brasil e África.

A criação de duas “joint ventures” em Angola e Moçambique, detidas em partes iguais pela REN e China Grid, é um dos compromissos que o grupo chinês apresentou na sua oferta de 387,15 milhões de euros por 25 por cento da REN, depois de a CTG se ter comprometido a investir 8,7 mil milhões de euros.

A crise económica e financeira em Portugal e o pacote de privatizações em curso atraiu também empresas angolanas, que estão a seguir processos como o da cadeia de televisão RTP e em breve deverão tomar posição na nova operadora de telecomunicações resultante da fusão da Zon com a Sonaecom.

O investimento bilateral tem sido intenso nos últimos anos, com as empresas portuguesas a terem uma posição dominante no sector financeiro, em bancos como o Fomento, Millenium Angola ou BESA.

Simultaneamente, empresas angolanas e sobretudo a petrolífera Sonangol, têm estado a aumentar a sua posição em empresas portuguesas chave, como a Galp Energia.

Em 2010, 4 por cento das empresas listadas na bolsa portuguesa eram detidas por capitais angolanos, com um valor conjunto de 2,2 mil milhões de euros (2,9 mil milhões de dólares).

O banco angolano BIC fechou recentemente a compra do português BPN e têm havido relatos na imprensa de outras potenciais aquisições de outros bancos portugueses por investidores angolanos.

Também empresas brasileiras têm vindo a tirar partido da situação em Portugal, com a aquisição da cimenteira Cimpor, presente em Angola, Moçambique, Cabo Verde e muitos outros países, e até entrando no fabrico aeronáutico e no negócio dos hospitais.

Sendo já o maior investidor externo em Moçambique, graças ao projecto de exploração de carvão da Vale, o Brasil também a reforçou a posição noutros países de língua portuguesa.

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