Moçambique

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Material de construção para a Mota-Engil em Cabo Delgado passou a usar porto tanzaniano por razões de segurança

Portos de Pemba e Mocímboa da Praia deixaram de ser opções por razões de segurança. Trabalhadores foram retirados da região no dia do ataque em Palma.

Os portugueses que trabalham na Mota-Engil em Afungi, onde a empresa portuguesa está a construir, em consórcio com os belgas da BESIX, as infra-estruturas da Total para a exploração de gás natural na bacia do Rovuma, estão bem e saíram de Cabo Delgado logo no dia do ataque dos jihadistas a Palma, 24 de Março. O mesmo foi confirmado ao PÚBLICO pelo presidente do conselho de administração da construtora portuguesa, António Mota.

Os trabalhadores que estavam em Afungi foram quase todos desmobilizados a 24 de Março, dia do ataque, e já não resta nenhum no local. Não são muitos porque com os problemas de segurança e a suspensão decretada pela multinacional francesa Total, dona da obra, o contrato de 32 meses e 365 milhões de dólares, ganho em Abril de 2020 pelo consórcio luso-belga, está a avançar lentamente.

“Estamos numa fase de busca de fornecimento, de planeamento da obra, ainda não há grande desenvolvimento”, explicou António Mota. Se fosse no pico da construção, a situação teria sido diferente, mas os problemas de segurança condicionaram o avançar da obra. Assim, “não tivemos percalços fortes, nem temos danos reais”, explicou.

A Total, que detém a concessão de exploração da área 1 na bacia do Rovuma, mesmo assim, tem tentado avançar com os trabalhos, ao contrário da Exxon Mobil, na área 4, onde está envolvida a Galp e os italianos da ENI, que adiou para 2021 o retomar dos trabalhos, mas que com estas questões de segurança não deve avançar tão depressa.

Numa altura em que os portos da zona da Costa Oriental africana competem pelo fluxo de materiais destinados à construção nos próximos cinco anos de todas as infra-estruturas do projecto Mozambique LNG, para exportação de gás natural liquefeito, os problemas de segurança acabaram por ser um rombo para os portos de Pemba e Mocímboa da Praia, preteridos do tão aguardado fluxo de capital gerado pelos muitos milhares de toneladas destinadas à construção por causa das questões de segurança.

De acordo com a informação avançada pelo Africa Intelligence, e que o PÚBLICO pôde confirmar, o último navio com material destinado à obra da Mota-Engil África e da BESIX já desembarcou no porto tanzaniano de Mtawara, 80km a norte de Palma. O próximo carregamento está previsto para chegar em Abril ao mesmo porto. O site avança que a empresa coreana CJ ICM Logistics assinou contrato com os gestores de Mtwara para garantir espaço de armazenamento para os materiais destinados às instalações de Afungi. Que serão deslocados em barcaças de calado raso para o local da obra à medida que forem necessários.

Apesar destes contratempos e dos atrasos, António Mota garante que estes problemas não irão afectar o trabalho da construtora portuguesa. “Estamos há 75 anos em África, já passámos por muita coisa”, refere o presidente do conselho de administração para quem “Moçambique vai ter de ter o apoio de toda a gente” para superar a situação. O que é preciso “é que haja bom senso” e se perceba que estes problemas “têm de ser resolvidos com o desenvolvimento de África”.

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