Moçambique com condições para adoptar modelo chinês das Zonas Económicas Especiais
Moçambique tem condições para adoptar com sucesso o modelo chinês das Zonas Económicas Especiais, que contribuiu para impulsionar a economia chinesa, afirmam os investigadores Fernanda Ilhéu (na foto) e Hao Zhang.
No estudo “O Papel das Zonas Económicas Especiais no Desenvolvimento de Países Africanos e Investimento Directo Estrangeiro Chinês”, os investigadores do Instituto Superior de Economia e Gestão de Lisboa lembram que, ao longo de 35 anos, as Zonas Económicas Especiais tiveram “um papel decisivo no desenvolvimento de locais como Shenzhen, Zhuhai, Xiamen, Shantou, Hainan e Xangai, e que os países africanos podem aproveitar esta experiência.
Em 2006, no Fórum para a Cooperação China-África, foi dada “prioridade significativa” ao objectivo de criar até 50 ZEE no estrangeiro, que estão em execução, mas já com 700 milhões de dólares investidos por empresas chinesas em 16 ZEE, de acordo com dados do Ministério do Comércio da China.
Cada vez mais virada para o estrangeiro, a China precisa de matérias-primas e dos mercados africanos para colocar os seus produtos, mas também pode retirar benefícios de deslocar algumas das suas indústrias para África, à medida que o custo da mão-de-obra chinesa aumenta.
A abordagem a África tem passado por empréstimos e financiamento para a construção de infra-estruturas, e “o desenvolvimento dos países africanos requer cada vez mais envolvimento da China”, nomeadamente “colaborando no desenvolvimento de ZEE”, defendem os autores.
Em relação aos países de língua portuguesa, o crescimento médio anual das trocas comerciais entre 2002 e 2012 foi de 37%, fazendo com que a China se tenha tornado no maior parceiro comercial e maior mercado de exportação daqueles países.
A relação tem-se revelado “dinâmica em ambos os sentidos”, adiantam, com centenas de empresas dos países de língua portuguesa a operar na China e o investimento chinês naqueles países a rondar 30 mil milhões de dólares, de acordo com dados do Ministério do Comércio chinês.
Quanto às ZEE, os dois investigadores concentraram a sua atenção na moçambicana de Manga-Mungassa (Beira, província de Sofala), criada em Maio de 2012, sob gestão da chinesa Dingsheng International Investment Company (Sogecoa Group), que tem previsto um investimento de perto de 500 milhões de dólares.
Em fase de conclusão, a primeira fase prevê a construção de unidades de armazenagem, seguindo-se a fase “operacional”, com edificação de infra-estruturas complementares como hotel ou habitação, e finalmente da zona industrial livre, em que serão instaladas unidades de alta tecnologia.
“Em termos de transferência de conhecimento, Moçambique tem dado passos activos na aprendizagem da experiência das ZEE chinesas e uso deste modelo para atrair investimento estrangeiro”, afirmam.
O governo moçambicano criou mesmo, em 2012, o Gabinete das Zonas Económicas de Desenvolvimento Acelerado (Gazeda) que, além de Manga-Mungassa, é responsável pelos projectos do Parque Industrial de Beluluane, Zonas Industriais Livres de Locone e Minheuene e o parque integrado de Crusse e Jamali.
A 6 de Maio de 2014, o governo moçambicano aprovou a criação da ZEE de Mocuba, sinal de “determinação na criação de mais condições e procura de mais oportunidades e medidas económicas para criar empregos e gerar riqueza” no país, afirma o estudo.
Na avaliação dos autores, a favor de Moçambique estão ainda a localização estratégica, a capacidade de atrair investimento através da diáspora, bem como o modelo de crescimento económico e desenvolvimento, embora persistam dificuldades a nível de infra-estruturas e desenvolvimento tecnológico.
“O modelo de ZEE chinês pode ser aplicado com sucesso na zona de Manga-Mungassa”, concluem. (Macauhub/CN/MZ)
Data: 2015-02-09
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