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O Oriente dos viajantes medievais


As narrativas das viagens medievais (conhecidas como mirabilia) tinham como fio condutor as experiências dos viajantes, que revelavam um mundo desconhecido e insólito, em que não se via apenas com os olhos, mas também com os olhos "da alma": a imaginação.

Durante a Idade Média, viajar transcendia a deslocação geográfica e os itinerários eram encarados como uma demanda do sagrado. O destino e a finalidade das viagens era ir de encontro ao que estava escrito nos textos do Antigo e do Novo Testamento. “Esses lugares míticos ou santos, como o Reino de Preste João e o Paraíso Terrestre se perderam nas suas '(des)localizações'” - esclarece a pesquisadora Berenice Cavalcante - “o paradigma das viagens medievais era um misto de peregrinação, cruzadismo e dos ideais de cavalaria combinados num roteiro cuja finalidade era elevar o viajante em direção ao divino".

O mito do reino do Preste João surgiu durante o século 12, na era das Cruzadas. “Preste” (corruptela de Prêtre; padre, em francês) foi um lendário cristão do Oriente e imperador da Etiópia, que detinha funções de patriarca e rei. Seu reino instigou a imaginação dos viajantes que, por gerações, saíram em sua busca, acreditando que somente assim a Terra Santa seria salva.

Claude Kappler reforça a ideia de que, durante a Idade Média, os viajantes partiam em busca de um mundo novo, “num lugar não definido em termos geográficos, mas idealizado, um lugar pra lá da fronteira que dividia a Europa da Ásia, o mundo visível, do desconhecido”. O poeta e escritor escocês Robert Louis Stevenson completa: “Só há maravilha quando o objeto extraordinário está localizado em apenas um lado do mundo e quando ele é exclusivamente estrangeiro. A exclusividade é a condição do espanto e da admiração”.

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Gravura de Giovanni Battista de'Cavalieri - Museu Britânico, 1585

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Data: 2019-07-04

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