Parcerias estratégicas da China impulsionam iniciativa Faixa e Rota
As parcerias estratégicas que a China tem firmado nas últimas décadas, nomeadamente com a maioria dos países de língua portuguesa, são um factor de impulso da iniciativa Faixa e Rota (FR), segundo os investigadores Yichao Li e Mário Barbosa Vicente.
Em artigo no recém-publicado livro “Iniciativa Faixa e Rota: Um antigo arquétipo de um novo modelo de desenvolvimento”, os investigadores referem que, dos nove países de língua oficial portuguesa, cinco têm simultaneamente parcerias estratégicas com a China e documentos de cooperação relacionados a FR – Portugal, Moçambique, Timor-Leste, Angola e Guiné Equatorial.
Dos restantes, Brasil e São Tomé e Príncipe têm acordos de parceria estratégica, mas ainda não documentos de cooperação relacionados a FR; Cabo Verde estabeleceu apenas cooperação com a FR, enquanto a Guiné-Bissau não assinou nenhum dos dois tipos de tratados com a China.
No caso do Brasil, adiantam, a parceria com a China tem mais de vinte anos, a profundidade e amplitude da cooperação continuam a aumentar e, embora os dois países não tenham formalizado a colaboração na Faixa e Rota, “muitas áreas de cooperação estão alinhadas com os principais conceitos da FR.”
Enquanto no caso da Guiné-Bissau a falta de estabilidade política tem impedido “avançar no estabelecimento de parcerias e cooperação no contexto da FR”, Cabo Verde e China estão a trabalhar no estabelecimento de uma parceria formal, adiantam os autores do artigo “Parcerias chinesas e a iniciativa Faixa e Rota: uma afiliação sinérgica.”
São Tomé e Príncipe ainda não assinou documentos de cooperação relacionados com a FR, devendo “levar algum tempo” para que os dois países “aprofundem a cooperação em vários campos.”
“Observando as declarações conjuntas sobre o estabelecimento de parcerias, a análise das três categorias e o caso de estudo dos países de língua portuguesa, percebe-se que o estabelecimento de parcerias é um processo de desenvolvimento dinâmico que leva tempo”, referem.
“Pode-se dizer que existe um vínculo positivo entre as parcerias chinesas e a FR. Promovem-se e fomentam-se mutuamente”, adiantam os autores.
No artigo, chamam ainda atenção para a necessidade de “não se prestar atenção apenas ao desenvolvimento e cooperação em campos tangíveis como política, economia e energia, mas também às trocas intangíveis na educação, cultura e ideias, os vínculos entre pessoas incorporados na FR.”
Para Francisco Leandro e Paulo Duarte, coordenadores do livro editado pela Palgrave MacMillan, “há uma contribuição adicional da iniciativa liderada pelo governo chinês: uma estrutura para numerosas rotas da seda materiais e imateriais, como a Rota da Seda do Sahel, a Rota da Seda Polar, a Rota dos Balcãs, a Rota da Seda Digital, Rota da Seda Cultural, Rota da Seda Verde, Rota da Seda da Informação e Rota da Seda espacial.” (Macauhub)
Data: 2020-04-04