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«Castelo flutuante» naufragado há mais de 500 anos surpreende arqueólogos pelos artefatos extravagantes


Um navio naufragado há mais de 500 anos de um rei medieval europeu revelou uma coleção emocionante de materiais vegetais excecionalmente bem preservados – incluindo especiarias exóticas originárias dos cantos mais distantes do mundo. As escavações arqueológicas marítimas realizadas ao navio ‘Gribshunden’, outrora o navio capitão do rei Hans, da Dinamarca, exibiram uma variedade enorme de itens alimentares, muitos dos quais luxos acessíveis apenas à elite da época. Segundo os investigadores, é uma descoberta “sem precedentes”.

As descobertas, documentadas num estudo publicado na revista ‘PLOS ONE’, forneceram uma janela única da vida da nobreza do norte da Europa no final da Idade Média, na origem do mundo verdadeiramente globalizado de hoje.

Foram descobertos artefatos extravagantes que raramente ou nunca foram vistos antes num contexto arqueológico. “Esta é talvez a mais emocionante coleção de especiarias num naufrágio, devido à idade, à qualidade da planta e notável estado de preservação. Esta é certamente uma das mais fabulosas descobertas de especiarias em qualquer contexto arqueológico, em terra ou no mar”, garantiu Brendan Foley, autor do estudo e especialista do Departamento de Arqueologia e História Antiga da Universidade de Lund, na Suécia.

O navio de guerra real dinamarquês ‘Gribshunden’ foi construído em 1485 e serviu essencialmente como sede móvel do Governo do rei Hans. “Era literalmente o seu castelo flutuante. Não apenas um navio de guerra. ‘Gribshunden’ era um instrumento de poder económico, um centro social e cultural e também o foco das funções administrativas e políticas do Governo.” Repleto com 11 canhões de ferro e capacidade para 150 pessoas a bordo, a embarcação era muito parecida com os navios navegados por exploradores do século XV, como Vasco da Gama e Cristóvão Colombo.

Mas, apesar de seus avanços tecnológicos, o navio foi atingido pelo infortúnio em 1495, afundando no Mar Báltico. As circunstâncias especiais da sua última viagem adicionam um contexto histórico único às descobertas.

‘Gribshunden’ zarpou da capital do rei Hans, Copenhaga, na Dinamarca, com o monarca a bordo. O navio ancorou em Stora Ekön (Ilha Great Oak) — localizada na costa sudeste do que hoje é a Suécia. O rei pretendia negociar com Sten Sture, o Velho, que governou efetivamente a Suécia após uma rebelião bem-sucedida contra as forças lideradas pelos dinamarqueses em 1471 – ou seja, juntou os três reinos nórdicos (Suécia, Dinamarca e Noruega) sob um único monarca em 1397.

Hans esperava que, através de negociações, pudesse restaurar a união sob o domínio dinamarquês e convencer os suecos a aceitar o seu papel como líder dos três reinos. E Hans queria impressionar a delegação sueca, demonstrar o poder e a riqueza do seu reino e desencorajar os esforços de independência.

Para isso, Hans carregou consigo “todo o tipo de exibição de poder: os seus navios de guerra, artilharia de bordo, um batalhão de soldados profissionais e armas pequenas, incluindo bestas e armas de pólvora”, escreveram os autores do estudo. “Reforçando esses elementos de ‘hard power’ estavam os de ‘soft power’: moedas, obras de arte, pinturas esplêndidas. As especiarias exóticas eram marcadores de estatuto entre a aristocracia na Escandinávia e ao redor do Mar Báltico durante a Idade Média”, escreveram os autores do estudo.

Quando o rei Hans estava em terra, o navio explodiu, incendiou-se e afundou-se, matando muitos dos que ainda estavam a bordo. O local do naufrágio do ‘Gribshunden’ foi redescoberto por mergulhadores desportivos nas décadas de 1960 e 1970. Entre 2000 e 2012, arqueólogos marinhos recuperaram uma série de artefatos durante as escavações. Após um hiato de vários anos, uma nova iniciativa de pesquisa foi lançada em 2019 e as explorações continuaram em 2020 e 2021.

Mas foi a coleção de materiais vegetais, excecionalmente bem preservados, muitos de partes distantes do planeta, que mais surpreenderam os investigadores – representavam 40 espécies, entre cereais, oleaginosas, frutas, hortaliças, especiarias e até uma planta de uso medicinal.

As descobertas de cravo foram “igualmente surpreendentes”, explicou Foley. “Ele cresce apenas num lugar no leste da Indonésia, quase do outro lado do planeta. Isso gera uma série de perguntas sobre o comércio e a cadeia de abastecimentos das Molucas [um arquipélago no leste da Indonésia] até ao Báltico.”

“Também vemos nessas especiarias o início do primeiro verdadeiro período de globalização”, referiu. “A partir do final dos anos 1400, todo o planeta liga-se de uma forma que nunca esteve antes. É o lançamento do mundo moderno, e muito disso se deve à nova classe de navios como ‘Gribshunden’”.

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Data: 2023-03-14

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