PORTO DE MAPUTO, MOÇAMBIQUE
Lucros pela primeira vez em 9 anos de concessão
O presidente do Conselho Executivo da MPDC, o antigo administrador dos CFM, Osório Lucas, revelou que o porto de Maputo obteve lucros de oito milhões de dólares norte-americanos em 2011. É a primeira vez que a empresa apresenta lucros, num quadro em que as concessões do centro e norte do país só geram prejuízos ao Estado. No entanto, os lucros serão reinvestidos no âmbito do Plano Director da Empresa.
Osório Lucas comentou ainda relativamente aos investimentos programados pela África do Sul no sector ferro-portuário, sobretudo aqueles que concorrem com Moçambique. Disse que o país precisa de tirar proveito da sua localização estratégica e que os investimentos anunciados pelo Chefe do Estado da África do Sul representam um desafio para o país.
Aos olhos do gestor da MPDC, as acções dos CFM encaixam-se no seu plano director, que visa o aumento da capacidade.
A África do Sul tem um plano gigante de construção e modernização de infra-estruturas ferro-portuárias, num investimento público de biliões de randes, anunciados pelo presidente Jacob Zuma, no discurso à nação, no parlamento.
O plano sul-africano pretende reforçar o desenvolvimento industrial e agrícola, com a abertura de novos canais para o escoamento de mercadorias. A África do Sul pretende aumentar as exportações e conquistar novos clientes, sobretudo na SADC, para utilizarem os seus portos e linhas-férreas.
O Corredor de Desenvolvimento de Maputo compreende rodovia, ferrovia, postos de fronteira, portos e terminais. Atravessa também as regiões mais industrializadas e produtivas da África Austral.
A linha-férrea de Ressano Garcia, com uma extensão de 88 Km, liga o porto de Maputo à República da África do Sul. Esta linha dispõe de 11 estações e dois apeadeiros, e permite a circulação de 12 comboios/dia, em cada sentido.
O concessionário do porto de Maputo, a MPDC, diz que, para viabilizar a infra-estrutura e fazer face à concorrência sul-africana, a carga movimentada na linha de Ressano Garcia deve aumentar 53%.
A linha de Goba, por sua vez, tem uma extensão de 74 Km e liga o porto de Maputo a Suazilândia. Esta linha tem quatro estações e 14 apeadeiros. No apeadeiro de Estevel, existe um desvio para a pedreira de Estevel.
No Km 39, existe um outro desvio, o qual faz a ligação com o ramal de Salamanga. A capacidade da linha de Goba permite a circulação diária de seis comboios em cada sentido, mas a capacidade não é explorada.
A linha de Limpopo é a mais extensa, com 534 km de distância. Estabelece a ligação entre o porto e o vizinho Zimbabwe. Ao longo desta estratégica via, existem 12 estações e 19 apeadeiros.
O sistema sul, para além das três principais linhas referidas anteriormente, comporta outras linhas-férreas, designadamente, o ramal de Salamanga (54 Km), a linha Moamba-Unguabane-Xinavane (93 Km), a linha Xai-Xai-Chicomo (90 Km), a linha Inhambane-Inharrime (90 Km) e a linha Manjacaze-Marão (50 Km).
Para o MPDC, as linhas-férreas de Goba e de Limpopo precisariam de aumentar 63% da carga, para viabilizar os investimentos propostos.
O crescimento do Porto só será possível se uma solução logística ferroviária for encontrada para transportar, pelo menos, 36 milhões de toneladas até 2016. O porto de Maputo prevê manusear 16 milhões de toneladas de carga diversa em 2014, e subir as quantidades para 40 milhões em 2016.
Até 2020, o terminal de carvão crescerá para a capacidade de 30 milhões, contra os actuais seis milhões, enquanto o de contentor deverá subir para mais de 300 por cento. Outros, a granel, crescerão de dois milhões para oito milhões de toneladas.
De 2003 a 2012, o volume de carga cresceu 13%, anualmente. De lá a esta parte, o concessionário investiu 291 milhões de dólares, dos quais 119 em infra-estruturas, 129 em equipamento e 43 em serviço marítimo.
No valor de infra-estruturas, 64 milhões de dólares norte-americanos foram canalizados ao sector de estradas, linhas-férreas, armazéns, reabilitação de cais, rebocadores e equipamento diverso.
O porto de Maputo contribui com 25% do total das receitas alfandegárias e é das poucas concessões que gerou lucro ao Estado. De 2003 a 2012, a empresa contribuiu com 99 milhões de dólares para os cofres do Estado, através dos Caminhos de Ferro de Moçambique.
Os investimentos do porto de Maputo até 2030, os quais só poderão ser feitos com a criação de logística para transportar pelo menos 36 milhões toneladas até 2016, totalizam 1,7 bilião de dólares.
REACÇÃO DOS CFM
O presidente do Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro de Moçambique-CFM, Rosário Mualeia, diz que está em curso um investimento de 10 milhões de dólares para reabilitar as linhas-férreas da zona sul.
O responsável aponta que o que afasta os operadores para a Estrada Nacional Número 4 é a qualidade das linhas-férreas. A intervenção no sistema ferroviário vai aumentar a capacidade da linha de Limpopo, Goba, mas, sobretudo, de Ressano Garcia.
Data: 2012-04-20