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Angola está em vantagem em termos de atracção do IDE, diz economista


Angola está numa posição privilegiada em relação aos demais membros da SADC em termos atracção de Investimento Directo Estrangeiro (IDE), por combinar elevado potencial económico com relativa estabilidade política, afirma o economista Fiel Constantino (na foto).

Em entrevista à Angop, na qual se fez uma abordagem acerca do IDE no país, Fiel Constantino foi categórico em afirmar que o factor estabilidade política relega a República Democrática do Congo para segundo plano, pois do ponto de vista do potencial económico, seria a RDC o principal atractor de IDE.

Relativamente à maior economia do continente, disse que a África do Sul, sendo o país com maior estabilidade política, com democracia reconhecidamente estabelecida, não tem, entretanto, um potencial económico tão grande como os anteriores, até mesmo porque o seu grau de exploração já se vai encostando à exaustão, tornando mais uma economia emissora de IDE.

Apesar de não apresentar números para melhor elucidação dos leitores, o economista disse que Moçambique é o país deste grupo que regista um crescente grau de atractividade de IDE, muito por causa das recentes descobertas de recursos energéticos, sobretudo o gás.

"Imensos recursos europeus e brasileiros se têm encaminhado para Moçambique. A Namíbia é do grupo o país que apresenta o menor potencial económico, embora beneficiando de estabilidade política e social. Aí o IDE tem maior tendência para a área de serviços e, portanto, a intensidade de capital é menor", esclareceu.

Na análise mais voltada para o mercado angolano, o especialista frisou que Angola se tem tornado, cada vez mais, um destino apetecível para o Investimento Directo Estrangeiro, situação que dá ao país a oportunidade de fazer uma triagem e escolher melhor a origem e qualidade do investimento.

Para Fiel Constantino, diferente da situação vivida em 2002, período em que Angola promoveu uma conferência de doadores sem sucesso, hoje o capital procura por Angola.

Dadas as janelas de oportunidades que estão abertas para o país, o economista alerta para a necessidade de Angola elevar a capacidade de gestão desses recursos para que os mesmos não signifiquem apenas dívidas para gerações vindouras, mas sim verdadeiro capital para a construção do futuro.

"É também a qualidade dessa gestão que vai determinar a continuidade do interesse do capital em aportar ao nosso mercado. Se não se garantir a longo prazo a reprodução e retorno desses recursos, naturalmente a tendência poderá alterar-se. E, nestes casos, os financiamentos se tornam o instrumento mais acertado para a contratação de recursos para investimento"- salientou.

"A sua aplicação e controlo são facilitados pelos acordos e nessa medida são mais eficazmente auditáveis. Entretanto, dada a situação actual do nosso mercado, o IDE ainda tem muito por onde crescer"- acrescentou.

Reportando-se de informações da CNUCED (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento) e da "The Economist Intelligence Unit" (EIU), o economista disse que, entre 2007 e 2011, Angola recebeu 60,6 mil milhões de USD de investimento directo estrangeiro (média anual de cerca de 12,1 mil milhões de USD) e, segundo estimativas da EIU, o stock total de IDE atinge 101,9 mil milhões de USD, correspondendo a 97,4 porcento do PIB.

"Nesse período, a média anual de recebimento de IDE foi 10 vezes superior à de emissão (1,2 mil milhões de dólares). Embora não detenha dados actualizados a esta data, a percepção que tenho é que, nos últimos dois anos, o IDE tenha retomado a tendência a crescer depois dos efeitos da grave crise económica e financeira que se verificou em 2007, 2008, com os capitais a rarearem. Houve, em 2009, uma quebra acentuada, mas já em 2011 se registou uma recuperação apreciável"- observou.

Relativamente às origens do IDE para o continente, disse que entre 2007 e 2012, os Estados Unidos lideravam a lista dos principais 20 países de origem de IDE destinados a novos projectos em África, seguindo-se o Reino Unido, França, Índia, África do Sul, Emiratos Árabes Unidos, Espanha, Alemanha, China e Portugal. Note-se que a África do Sul não é o único africano exportador de IDE. A ela se juntam a Nigéria e o Quénia.

Para o caso particular de Angola, salientou que os principais investidores são a China, os Estados Unidos da América, Reino Unido e Portugal. Pontualmente, há países que fizeram consideráveis investimentos, com é o caso da Coreia do Sul no negócio de plataformas petrolíferas. No tocante aos africanos, a África do Sul tem tendência para multiplicar os investimentos em Angola. "Particularmente, tenho estado a ser consultado por agentes quenianos pedindo estudos para a entrada no nosso mercado"- concluiu.

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Data: 2013-10-03

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